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Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Ecossistemas estão a absorver cada vez menos CO2

19.09.2017

A biosfera é cada vez menos capaz de absorver o dióxido de carbono (CO2) da atmosfera, constata uma investigação publicada ontem na revista científica Nature Ecology & Evolution.

 

Por ano, os ecossistemas terrestres eliminam da atmosfera, em média, um terço do CO2 de origem humana. Este é emitido, por exemplo, pela queima dos combustíveis fósseis e pela alteração no uso dos solos. Mas a eficácia dos ecossistemas para absorver estas emissões é cada vez menor, alertam os investigadores, coordenados por uma equipa do Conselho espanhol Superior de Investigações Científicas (CSIC).

“Se as emissões humanas continuarem a aumentar e os ecossistemas forem cada vez menos eficazes na absorção do carbono, o excesso de CO2 já não actuará como um fertilizante que favorece o crescimento da vegetação, já que a maior quantidade de carbono atmosférico vai acelerar o aquecimento global”, explica Josep Peñuelas, investigador do CSIC no Centro de Investigação Ecológica e Aplicações Florestais (CREAF) e um dos autores do artigo.

Além disso, “não só os ecossistemas poderão sequestrar cada vez menos carbono como este permanecerá menos tempo nas plantas e nos solos, regressando à atmosfera”, acrescenta Jordi Sardans, co-autor e investigador do CREAF.

Esta progressiva perda de capacidade de absorção do CO2 marca o início de uma transição para um período diferente, dizem os investigadores. “De uma era dominada pela fertilização das plantas (devido ao fornecimento de nitrogénio e carbono), o planeta caminha para um período dominado pelas limitações no crescimento da vegetação causadas pelo défice de nutrientes e o clima e pelos impactos das alterações climáticas”, segundo um comunicado do CSIC.

Na verdade, a falta de outros nutrientes, como o potássio e o fósforo, nos ecossistemas e as alterações climáticas já começam a ser um obstáculo, limitando o crescimento das plantas. Estes investigadores querem continuar a estudar o funcionamento do ciclo do fósforo e quais os factores que regulam a sua circulação nos ecossistemas.

As secas são outro dos factores que limitam a produtividade das plantas, especialmente se acontecerem durante as fases de crescimento da vegetação.

Para Peñuelas, é preciso “conhecer os impactos das alterações climáticas e saber que medidas de mitigação são necessárias para cumprir os acordos da Conferência das Partes da Convenção Quadro da ONU para as Alterações Climáticas (COP21) sobre o aumento da temperatura do planeta”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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