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Descoberto fóssil de nova espécie de planta com 300 milhões de anos no Bussaco

31.07.2023

Florinanthus bussacensis é o nome de uma planta que viveu na zona do Bussaco, entretanto extinta, e que foi agora descrita graças a um fóssil com 300 milhões de anos.

O fóssil foi encontrado na formação Vale da Mó, no Bussaco, por investigadores do Departamento de Ciências da Terra (DCT) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC).

A nova espécie está descrita num artigo científico que será publicado em Setembro na Review of Palaeobotany and Palynology.

A planta agora descrita, Florinanthus bussacensis, pertence à família das Cordaitales, um grupo primitivo das atuais gimnospérmicas.

“Este fóssil corresponde a um cone (estróbilo) masculino de uma gimnospérmica da já extinta ordem das Cordaitales“, explica a Universidade de Coimbra em comunicado.

A descoberta permite saber como estas plantas se reproduziam.

“Os resultados até agora alcançados dão uma maior perceção sobre a riqueza e a diversidade florística que existiu na Bacia do Bussaco, mas também das condições ambientais e climáticas que as floras viveram, num ambiente intramontanhoso, após uma transição climática (de um clima húmido para um clima seco) que ocorreu no intervalo Kasimoviano-Gzheliano“, explicou Pedro Correia, professor no DCT e investigador do Centro de Geociências da FCTUC.

A descoberta deste novo fóssil, disse ainda o especialista em paleobotânica, “fornece também uma maior visão sobre a variabilidade das características morfológicas e ontogenéticas das Cordaitales. Devido à difícil preservação e reconhecimento destas estruturas reprodutoras, a diversidade deste grupo de plantas é ainda pouco conhecida”.

“A maior dificuldade em trabalhar com fósseis vegetais é conectar as diferentes partes fossilizadas destas plantas e estabelecer uma relação de parentesco. A maioria dos restos destas floras preservados no registo fóssil corresponde a folhas, caules, raízes e sementes.”

Neste momento, a equipa de investigadores está a elaborar um novo estudo paleobotânico do Carbónico do Bussaco, em colaboração com especialistas do Brasil.

O artigo científico “Florinanthus bussacensis sp. nov., a new cordaitalean cone from the Upper Pennsylvanian of Portugal”, que contou com a colaboração da paleontóloga Sofia Pereira do Centro de Geociências e dois especialistas estrangeiros, Zbynĕk Šimůnek (República Checa) e Christopher Cleal, está disponível aqui.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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