Os Kew Gardens divulgaram esta quinta-feira algumas das 74 plantas e 15 fungos descobertos para a ciência em 2023, um pouco por todo o mundo, por investigadores desta instituição britânica e de entidades parceiras. Fique a conhecer sete dessas novas espécies.
1. Aeranthes bigibbum, uma orquídea ajudada por uma ave
A colorida vanga-de-prévost (Euryceros prevostii), uma ave com um chamativo bico azul, é um chamariz importante para o turismo de natureza numa pequena reserva em Madagáscar. Por esse motivo, manteve-se ali um pedaço de floresta até aos nossos dias, onde foi encontrada em 2023 uma nova espécie de orquídea para a ciência: Johan Hermans, em parceria com botânicos locais, deparou-se com uma orquídea epífeta, que cresce em cima de outras plantas, que foi baptizada com o nome científico Aeranthes bigibbum.
“Não fosse o carinho e amor por essa ave única, é provável que esta floresta tivesse desaparecido há muito tempo, levando a vida despa planta consigo”, escrevem os Kew Gardens, numa notícia publicada no site. “O carinho por uma espécie pode proteger inúmeras outras que partilham a mesma casa.”
2. Duas árvores subterrâneas em Angola: Baphia Arenicola e Cochlospermum adjanyae
Foi durante uma expedição da National Geographic em Angola que David Goyder encontrou duas novas árvores para a ciência, nas areias do deserto do Kalaari. “As árvores conhecidas nesta região têm até 90% da sua massa corpórea enterrada debaixo da superfície, uma adaptação para acederem ao máximo de humidade possível”, explica a instituição.
A nova Baphia arenicola foi baptizada com um nome científico bastante literal, pois significa “aquela que cresce na areia”; já a árvore Cochlospermum adjanyae foi assim chamada em honra de Adjany Costa, uma botânica angolana que em 2019 recebeu o prémio “Jovens Campeões da Terra”, atribuído pela ONU em África.
3. Lichtheimia koreana, um fungo menos perigoso que os seus primos
Até hoje eram conhecidas seis espécies de fungos do género Lichtheimia, incluindo três que provocam vários danos à saúde humana, como infecções pulmonares ou problemas de pele. Todavia, este novo fungo do mesmo grupo, encontrado pelo micologista Paul Kirk em resíduos de soja, e várias regiões da Coreia do Sul, parece ser inofensivo. As outras espécies do mesmo género foram encontradas um pouco por todo o mundo, tanto no solo como em invertebrados ou produtos alimentares.
4. Uma nova planta em Moçambique, a Crepidorhopalon droseroides
Não se sabe ainda se esta nova espécie é carnívora. Quando foi descoberta durante uma expedição botânica em Moçambique, por Bart Wursten, este botânico reparou que estava coberta por pêlos destinados a armadilharem insectos, tal como outras plantas conhecidas do género Drosera, um grupo de plantas carnívoras bem conhecido. Todavia, depois de examinada em conjunto com Iain Darbyshire, ambos concluíram que se trata afinal de uma espécie aparentada das mentas, numa família onde não se conhecem plantas carnívoras. Para já, aguardam-se as conclusões de novos estudos, que irão confirmar se a nova Crepidorhopalon droseroides tem afinal capacidade ou não para digerir os insectos que caem nos seus pêlos-armadilha.
5. Líquens que vivem no frio da Antártida
Arthonia olechiana, Sphaeropezia neuropogonis e Sphinctrina sessilis são três novas espécies de líquens, uma espécie de parcerias entre algas e fungos. Estas novas espécies para a ciência foram encontradas na Antártida, onde são conhecidas uma centena de outras espécies do mesmo grupo, que só conseguem sobreviver no ‘nunatak’. Esta é a muito pequena parte rochosa do continente que não está coberta por gelo e onde uma micologista espanhola, Raquel Pino-Bodas, encontrou os cinco novos líquens.
6. Uma nova espécie à beira da extinção
A Microchirita fuscifaucia foi dada como ameaçada logo que foi descoberta para a ciência em dois locais da Tailândia, uma vez que ambos correm o risco de ser desflorestados. “As 47 espécies conhecidas do género Microchirita vivem quase exclusivamente no topo de rochas calcárias, com as suas flores deslumbrantes com muitas cores e padrões”, descrevem os Kew Gardens. A Microchirita fuscifaucia faz parte de um grupo de outras sete novas espécies para a ciência, descritas por Carmen Puglisi, David John Middleton, Naiyana Tetsana e Somran Suddee.
7. Baptizada em honra de um conservacionista pioneiro
A Indigofera abbottii, uma planta com bonitos tons rosa, foi descoberta na África do Sul por Brian Schrire, que em 2023 ganhou o título de taxonomista com mais novas espécies para a ciência descobertas nesse ano, num total de 18. No caso da Indigofera abbottii, foi baptizada em honra de Anthony (Tony) Thomas Dixon Abbott, “um conservacionista pioneiro e coleccionador amador de plantas”. Esta planta enfrenta um futuro incerto, ensombrado pela desflorestação do seu habitat para fins agrícolas e para a construção de casas.