Já começaram os trabalhos do LIFE PowerLines4birds para reduzir o impacto das linhas elétricas por eletrocussão e colisão para sete espécies prioritárias de aves, como a águia-imperial e o abutre-preto. A Wilder falou com Rita Alcazar, coordenadora deste projecto que junta dois países, Portugal e Espanha.
Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus), águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), abutre-preto (Aegypius monachus), abetarda (Otis tarda), sisão (Tetrax tetrax), tararanhão-caçador (Circus pygargus) e rolieiro (Coracias garrulus). Estas são as aves para as quais este projecto vai trabalhar até Abril de 2027 em 23 Zonas de Protecção Especial (ZPE) de Portugal e Espanha.
“Estas espécies foram escolhidas ou porque são ameaçadas – por terem populações muito reduzidas ou porque a Península Ibérica é o seu bastião na Europa, como a abetarda e o sisão – ou porque são muito vulneráveis à electrocussão e/ou colisão com linhas eléctricas”, explicou hoje à Wilder Rita Alcazar, da Liga para a Protecção da Natureza (entidade que lidera o projecto) e coordenadora do LIFE PowerLines4birds.
Por exemplo, a águia-imperial é vulnerável à electrocussão e os abutres e o tartaranhão-caçador são vulneráveis tanto à electrocussão como à colisão. “Estas aves têm dificuldade em ver os cabos e de se desviarem”, explicou Rita Alcazar.
O rolieiro surge no projecto por ser vulnerável à electrocussão. “E queremos tentar ainda tornar a rede eléctrica um local de nidificação para esta espécie, para alargar a sua área de ocorrência. Para isso vamos colocar caixas-ninho nas linhas eléctricas seguras”, mais concretamente em apoios anti-eletrocussão da rede eléctrica.
O projecto, cuja apresentação pública aconteceu a 26 de Maio no Auditório do Centro de Interpretação de Monsanto, em Lisboa, vai durar até Abril de 2027 e é financiado em mais de quatro milhões de euros pela União Europeia (UE).
Os trabalhos já começaram. As equipas estão a monitorizar as linhas previstas para correcção e a hierarquizar as prioridades. “Há muitos milhares de quilómetros de linhas e precisamos garantir que as verbas são utilizadas em locais com prioridade de topo”, acrescentou a especialista.
Os primeiros trabalhos de correcção de linhas vão começar no segundo semestre deste ano no Douro Internacional, Vale do Guadiana, Castro Verde e Tejo Internacional.
Este projeto é liderado pela Liga para a Protecção da Natureza (LPN) e reúne como parceiros a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA), a QUERCUS, a Sociedad Espanhola de Ornitologia (SEO) e a E-REDES -Distribuição de Eletricidade SA. Conta ainda com a colaboração do ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.
Os responsáveis acreditam que o LIFE PowerLines4birds “aumentará substancialmente as áreas seguras de reprodução e alimentação, reduzindo o risco de mortalidade de aves devido a linhas elétricas em 23 ZPE transfronteiriças (14PT+9SP), contribuindo assim para proporcionar melhores condições de sobrevivência e melhorar as populações destas espécies na Península Ibérica”.