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Como se traz uma aranha do limiar da extinção

21.12.2015

A aranha-joaninha não é uma aranha qualquer. Durante 70 anos pensou-se que estava extinta no Reino Unido. Mas nos anos 80 foi encontrada uma pequena colónia, o que a tornou numa das mais raras daquele país e protagonista de um projecto de conservação que tem vários anos. Um novo censo revela agora que está a ganhar terreno numa reserva natural em Dorset.

 

A aranha-joaninha (Eresus sandaliatus) chama-se assim por causa do aspecto dos machos. Estes são avermelhados com seis pintas pretas (quatro grandes e duas mais pequenas) e patas brancas e pretas. Já as fêmeas e os machos juvenis são pretos e aveludados.

 

 

Os machos medem entre seis a nove milímetros e as fêmeas entre 10 a 16 milímetros (sem as patas).

Os resultados a um censo populacional, revelados hoje em comunicado pela organização Royal Society for Protection of Birds (RSPB), mostram que a aranha está a expandir o seu território. Durante 70 anos pensou-se que esta espécie da Europa do Norte e Central estava extinta. Mas em meados dos anos 80 foi encontrada uma pequena colónia no Reino Unido.

 

 

O trabalho começou, então, em 2011 na Reserva de Arne, em Dorset, gerida pela RSPB, um dos habitats para aranhas mais diverso daquele país (estão registadas 250 espécies). Nesse ano foram libertados alguns animais. Os biólogos usaram garrafas de água de plástico vazias – com o formato e tamanho ideais para as aranhas fazerem o seu ninho. As garrafas foram cheias com musgo e urze e as aranhas doadas de um outro local foram colocadas lá dentro e monitorizadas enquanto se instalavam e teciam a sua teia. Depois, as garrafas foram enterradas no solo para que as aranhas pudessem colonizar a zona em redor.

 

 

“É fantástico ver que esta pequena e incrível aranha está a sair-se bem na sua nova casa”, diz Toby Branston, gestor da reserva natural. “Censos feitos este ano encontraram cinco novas teias longe dos locais de libertação e outras nas suas ‘casas em garrafas’ originais”, acrescentou.

 

 

Estes animais sofreram anos de destruição dos habitats às mãos da agricultura, produção florestal e construção.

O projecto de conservação da aranha-joaninha tem como parceiras 12 instituições, entre elas a Natural England, o National Trust, o Ministério da Defesa e Comissão Florestal. É financiado pelos parceiros e por donativos.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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