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Esquilo-vermelho, uma das espécies conhecidas em Lisboa. Foto: Jakub Hałun/Wiki Commons

Cientistas pedem ajuda aos lisboetas para mapearem os animais da cidade

07.02.2020

Quais são as espécies de fauna silvestre que habitam em Lisboa? Em que áreas se encontram e como é que estão a beneficiar ou a ser afectadas pelas condições de vida na cidade?

 

Uma equipa de cientistas das Universidades de Lisboa e Aveiro anda à procura de respostas para estas e outras questões, no âmbito de um trabalho de monitorização da biodiversidade no concelho, ligado ao projecto Lisboa Capital Verde Europeia. Para isso, querem também a ajuda de quem aqui vive e trabalha.

Quem estiver interessado em colaborar, até ao fim de Fevereiro pode preencher um inquérito online com a espécie ou espécies silvestres observadas, ou pelo menos do grupo de animais a que pertencem, assinalando onde foram observadas. No site, para ajudar na identificação, estão também fotografias de alguns animais mais comuns. E quem desejar, pode fazer o ‘upload’ da foto que tirou.

“Pretendemos saber com mais detalhe quais são as espécies que ocorrem na cidade e qual é a sua distribuição actual e perceber também quais são os factores que influenciam a sua distribuição e diversidade”, explica Ana Catarina Luz, investigadora do cE3c – Centro de Ecologia, Evolução e Alterações Ambientais, da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.

 

um melro deitado em cima de ramos no chão
O melro-preto é uma das aves observadas muitas vezes em Lisboa. Foto: António Heitor

 

Este trabalho debruça-se principalmente sobre as aves, anfíbios, répteis e mamíferos, incluindo morcegos, uma vez que “constituem os principais representantes da fauna de vertebrados da cidade”, indicou à Wilder a mesma responsável. Além do mais, e ao contrário do que sucede em cidades do centro da Europa, como Londres, “há ainda pouca informação sobre a forma como as espécies silvestres se comportam na cidade, que habitats usam e que factores os influenciam.”

Da parte dos cientistas, tem estado a ser feito trabalho de campo por toda a cidade, tanto em parques verdes e jardins como em diferentes zonas edificadas, espaços verdes à beira do rio, e também zonas agrícolas e hortas urbanas, exemplifica Ana Catarina Luz. Os investigadores do cE3c estão a trabalhar em conjunto com uma equipa do CESAM – Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, da Universidade de Aveiro.

 

Para que vai servir o inquérito?

As respostas dos cidadãos vão complementar os dados obtidos no trabalho de campo, mas ajudam também a perceber qual é “a percepção da população em relação à fauna de Lisboa”, nota Ana Catarina Luz.

Assim, quem responde é também convidado a indicar, dentro do inquérito, “qual o animal que mais gosta de observar em Lisboa”, “que outros animais gostaria de ver na cidade e não vê” e também quais considera serem “as principais ameaças” à fauna na cidade.

Ao longo dos próximos meses, está também prevista a realização de algumas acções de formação para professores e para outras pessoas interessadas, tal como a publicação de panfletos com informações sobre os resultados, com curiosidades sobre a fauna e algumas sugestões para quem quiser continuar a investigar a biodiversidade do concelho.

 

Morcego-pigmeu, um dos morcegos que ocorrem em Lisboa. Foto: Evgeniy Yakhontov/Wiki Commons

 

Quanto à Câmara Municipal de Lisboa, que adjudicou este projecto, os resultados da monitorização vão permitir “uma avaliação das medidas tomadas até aqui, como por exemplo a criação de novos espaços verdes”, indica por seu turno Inês Metelo, bióloga do Departamento de Ambiente, Energia e Alterações Climáticas.

Em causa estão as medidas já tomadas no Plano de Acção Local para a Biodiversidade, uma estratégia do município que teve início em 2016 e termina precisamente em 2020.

Mas os novos dados vão ajudar também a definir as futuras medidas ligadas à protecção e gestão de espaços verdes. “Conhecer a biodiversidade que temos ajuda-nos a avaliar o nosso desempenho durante o período de vigência do Plano (até 2020), ajuda-nos a enriquecer o conhecimento da evolução da biodiversidade ao longo do tempo e ajuda-nos a escolher as estratégias mais adequadas a essa promoção e a redefinir aquelas que tiverem resultado menos bem”, explica a mesma responsável. 

 

[divider type=”thin”]Saiba mais.

Recorde aqui os principais resultados de um bioblitz realizado no Parque Florestal de Monsanto, em 2017, neste artigo da Wilder.

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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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