Anos de expedições às florestas do Louisiana, nos Estados Unidos, deram a uma equipa de cientistas as provas de que, afinal, o pica-pau-de-bico-marfim (Campephilus principalis) não está extinto.
Os investigadores dizem ter conseguido captar imagens de pica-paus-de-bico-marfim em câmaras de foto-armadilhagem e através de drones numa região do Louisiana que não revelam. Além disso, afirmam que todos os membros que participaram nas expedições – realizadas entre 2012 e 2021 – já encontraram esta espécie ou ouviram o seu chamamento.
Falam de uma “presença consistente de pica-paus-de-bico-marfim na zona de estudo”.
Estas conclusões fazem parte de uma versão pré-publicação de um artigo científico que ainda não foi revisto pela comunidade científica.
Os trabalhos de campo aconteceram, maioritariamente, entre Outubro e Maio, o período de reprodução da espécie.
“A nossa série de fotografias das câmaras de foto-armadilhagem mais importante seguiu-se a um pica-pau-de-bico-marfim ter pousado a cerca de 40 metros de distância num liquidâmbar (Liquidambar
styraciflua) quase morta a 27 de Outubro de 2019. As câmaras instaladas nessa árvore deram, depois, imagens destas aves a visitar o local de forma intermitente, pelo menos, de 29 de Novembro de 2019 a 10 de Fevereiro de 2020 e depois novamente de 12 de Setembro de 2021 a Dezembro de 2021″, escrevem os autores deste artigo.
Outrora comum nos Estados Unidos, o pica-pau-de-bico-marfim era (ou é) a maior espécie de pica-pau naquele país. Alimenta-se de insectos em árvores mortas. Os machos têm uma crista vermelha e as fêmeas têm uma crista preta.
A sua distribuição histórica consiste nas florestas do Sul dos Estados Unidos e numa pequena população, isolada, em Cuba.
Esta ave muito tímida viu os seus números entrarem em declínio por causa da desflorestação e da sobre-caça (para alimento e por causa das suas penas, cada vez mais raras e cada vez mais valiosas para coleccionadores).
No final dos anos 1930, uma vasta expedição por todo o país resultou numa população estimada de 22 indivíduos na Florida, Carolina do Sul, e no Louisiana.
O último registo reconhecido e credível para esta espécie nos Estados Unidos é de 1944, no Louisiana. Ainda assim, desde esse ano e até hoje têm havido pelo menos 200 alegados avistamentos.
Em Outubro de 2021, o pica-pau-de-bico-marfim foi declarado como extinto pelo Serviço de Pescas e Vida Selvagem norte-americano, ao lado de outras 22 espécies de animais. A nível mundial está classificado como Criticamente Em Perigo de extinção, na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).