Gaivota-de-patas-amarelas. Foto: Stipe Surac

Cerca de 200.000 aves morrem anualmente em artes de pesca, alerta novo estudo

31.07.2024

 

Quase 200.000 aves marinhas morrem todos os anos por captura acidental na pesca em águas europeias, incluindo seis espécies em risco de extinção, estima a BirdLife International.

 

A espécie mais afectada é o airo (Uria aalge), com mais de 31.000 aves mortas anualmente. A região marinha com as capturas acidentais mais elevadas é o Atlântico Norte, com mais de 115.000 aves marinhas mortas por ano.

Estes números resultam de um estudo da Birdlife International, publicado a 2 de Julho na revista Animal Conservation e no qual colaboraram técnicos da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA). Mas, segundo a SPEA, este dado “pode ser só a ponta do icebergue: para mais de um terço das nações costeiras estudadas não existem estimativas das capturas acidentais e nas restantes as estimativas raramente incluem a totalidade da frota pesqueira do país”.

Cagarra-do-mediterrâneo. Foto: David GarciÌa

Ana Almeida, técnica de conservação marinha na SPEA, alertou, em comunicado, que “este estudo vem reforçar não só a importância mas também a urgência de criar o Plano Nacional de Ação para minimização das capturas acidentais na pesca”.

“Estamos a colaborar com as entidades governamentais responsáveis no desenvolvimento deste plano que deve estar pronto até ao final do ano”, adiantou.

“A monitorização deste problema tem sido muito importante, mas é insuficiente. Encontrar e aplicar soluções que mitiguem este problema é determinante para garantir que a atividade de pesca seja sustentável e que os recursos marinhos se mantenham disponíveis para as gerações futuras.”

As aves marinhas são um dos grupos de aves mais ameaçados na Europa. Mais de um terço das espécies registam declínios populacionais.

Gaivota-de-patas-amarelas. Foto: Stipe Surac

Estas aves enfrentam ameaças nas suas colónias reprodutoras em terra – desde espécies invasoras à perda de habitat – e no mar, como a sobre-pesca e infraestruturas de energias renováveis, lista a Birdlife International neste estudo.

As alterações climáticas já estão a exercer uma pressão adicional durante todo o ciclo de vida das aves marinhas.

Mas a maior ameaça de todas é a captura acidental em artes de pesca. A boa notícia é que este é um problema que pode ser resolvido. “Em muitos casos, alterações relativamente simples às práticas de pesca ou modificações ao equipamento de pesca podem reduzir significativamente o número de aves que acabam mortas nessas artes de pesca”, defende a Birdlife International.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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