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Cagarra (Calonectris diomedea) Foto: Marcabrera/WikiCommons

SPEA instala ultra-sons para salvar crias de ave na ilha do Corvo

17.07.2025

Travar a predação das crias de cagarra por gatos na ilha do Corvo é o grande objectivo da SPEA ao ter instalado recentemente 12 dispositivos emissores de ultra-sons, revelou a organização.

Os 12 dispositivos emissores de ultra-sons para afastamento de gatos, adquiridos pelo Município do Corvo, foram colocados no Pão-de-Açúcar e na Reserva Biológica do Corvo, duas das colónias de cagarra (ou cagarro, como é conhecido nos Açores) que a SPEA (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves) monitoriza na ilha do Corvo desde 2009.

Um dos emissores de ultra-sons instalados pela SPEA no Corvo. Foto: SPEA

“Estes equipamentos foram colocados em zonas com um total de 30 a 40 ninhos e vão ser comparados com colónias sem intervenção, como a da Fonte Velha e do Miradouro”, explicou a organização.

A SPEA quer testar se esta tecnologia pode ajudar a reduzir a predação das crias por gatos, um problema que representa 84% da mortalidade dos cagarros na ilha.

“Desde 2014, o sucesso reprodutor dos 131 ninhos que acompanhamos no Corvo tem sido, em média, de apenas 51%, e os gatos são uma das principais razões para esse número tão baixo.”

Nos últimos dois anos, os ninhos dentro da Reserva Biológica do Corvo – uma área onde o impacto dos gatos tem sido minimizado – tiveram um sucesso reprodutor significativamente mais elevado. “Agora queremos perceber se conseguimos replicar esses bons resultados noutras áreas, com a ajuda destes dispositivos que emitem ultra-sons.”

Cagarra (Calonectris diomedea) Foto: Marcabrera/WikiCommons

A SPEA acredita que esta “experiência poderá servir de base para criar zonas livres do impacto destes predadores, especialmente em áreas restritas e críticas para a conservação”.

Os resultados deste teste serão conhecidos no final da época de nidificação.

Segundo a SPEA, a cagarra é a ave marinha mais abundante que nidifica em Portugal e a maior das pardelas da Europa.

“É facilmente identificável pelo seu voo: longos deslizes sobre a superfície da água. Esta ave é extremamente ágil no mar, mas muito desajeitada em terra.”

Está classificada como Vulnerável em Portugal continental e Pouco Preocupante nos Açores e na Madeira.


Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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