Carvalho vencedor. Foto: Tomasz Kami

Carvalho polaco foi eleito a Árvore Europeia do Ano 2022

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Um carvalho-alvarinho (Quercus robur) de 400 anos de idade que vive na província de Podlaskie, na Polónia, junto à famosa floresta de Białowieża, foi eleito hoje o grande vencedor do concurso Árvore Europeia do Ano 2022. Em terceiro lugar ficou um sobreiro português.

Chamam-lhe Carvalho Dunin, o guardião da floresta primitiva de Białowieża. “É uma inspiração para muitos artistas. Surpreende em todas as estações – com a copa preenchida, mas também quando mostra os seus galhos sem folhas e misteriosamente curvados”, escrevem os organizadores do evento.

Carvalho Dunin, Polónia. Foto: Tomasz Kami

“Tem sido particularmente respeitado e admirado pela população local, bem como pelos turistas que visitam esta área da Polónia, chamada Região Europeia de Wisent.”

Este carvalho-alvarinho conseguiu um máximo histórico de votos (179.317), seguido do Carvalho da Floresta do Banquete de Conxo, em Espanha, com 168.234 votos.

Carvalho da Floresta do Banquete de Conxo, Espanha. Foto: David Pacheco

Em terceiro lugar ficou a Sobreira Grande, de Vale Pereiro (Arraiolos), com 70.563 votos.

Sobreira Grande, Portugal. Foto: Manuel Piteira

Assim, os três primeiros lugares foram atribuídos a carvalhos. “Conhecidos por serem árvores longevas e de grande porte, os carvalhos prestam-se a belas imagens adequadas ao concurso da Árvore do Ano, mas as suas florestas são também importantes fontes de recursos que asseguram à sociedade, não só madeira, cortiça e bolotas, mas também inúmeros serviços de ecossistema fundamentais à adaptação e mitigação das alterações climáticas – sequestro de carbono, conservação do solo e da água e proteção à biodiversidade”, lembram os organizadores. “A manutenção destas florestas em áreas rurais tem um papel determinante na economia das regiões, na qualidade de vida das populações, e na redução do risco de incêndio.”

Este ano, o número total de votantes da Árvore Europeia chegou aos 769.212, um recorde.

Em comunicado, os organizadores deste evento internacional explicam que decidiram excluir a árvore candidata pela Federação Russa a este concurso – o carvalho Turgenev, de Lutovinovo (região russa de Orel) – por causa da invasão militar da Ucrânia. Assim, os votos atribuídos a esta árvore não foram contabilizados. “Foi uma decisão muito difícil, tanto que estávamos muito contentes por ter a bordo organizadores russos da Árvore do Ano, mas decidimos seguir os esforços internacionais para isolar a Rússia”, explicam os organizadores.

“A decisão não é dirigida contra homens e mulheres comuns russos (…). Contudo, não podemos assistir de braços cruzados à agressão sem precedentes da Rússia contra um país vizinho”, comentou Josef Jary, coordenador do concurso a nível internacional.

O evento Árvore Europeia do Ano é um concurso que pretende salientar a importância das árvores no património natural e cultural da Europa e a importância dos serviços dos ecossistemas que proporcionam. O concurso não quer procurar a árvore mais bonita mas sim uma árvore com uma história, bem enraizada nas vidas das comunidades onde crescem.


Conheça aqui a votação completa:

1º – Carvalho Dunin, Polónia (179.317)

2º – Carvalho da Floresta do Banquete de Conxo, Espanha (168.284)

3º – Sobreira Grande, Portugal (70.563)

4º – Castanheiro dos 100 Cavalos, Itália (46.275)

5º – Guarda-chuva de High Tatras, Eslováquia (37.872)

6º – Árvore inclinada de Kippford, Reino Unido (30.761)

7º – Tília Cantante, República Checa (28.649)

8º – Multisecular castanheiro da Praça Audran, França (28.119)

9º – Grande Carvalho de Ages, Letónia (27.098)

10º – Casal de acácias japonesas do Teatro Csokonai em Debrecen, Hungria (26.347)

11º – Sequóia gigante de Slatina, República da Croácia (26.225)

12º – Sequóia gigante do Collège Notre Dame de Bonlieu, Bélgica (25.724)

13º – Pinheiro do Rei, Estónia (25.346)

14º – Árvore do avô Kolyo, Bulgária (24.431)

15º – Eu sou a Tília, Holanda (24.201)

Excluído – Carvalho Turgenev, Rússia (Não contabilizado)

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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