O objectivo é conciliar o corte de searas com a protecção da nidificação desta espécie que em Portugal está Em Perigo de extinção, avança em comunicado o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF).
O projecto está a ser desenvolvido pela Direcção Regional de Conservação da Natureza e Florestas do Alentejo, do ICNF, e pelo CIBIO/InBIO – Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos, da Universidade do Porto.
Em Junho, a equipa contactou 26 agricultores da Zona de Protecção Especial de Castro Verde, área que faz parte da rede europeia Natura 2000. Com a ajuda desses proprietários, e com a “estreita colaboração” da Liga para a Protecção da Natureza, foi possível “identificar a localização de ninhos, marcação e monitorização de crias e instalar proteções anti-predadores”.
Estes ninhos de águia-caçadeira “estão a ser detectados em culturas de cereais como a aveia, trigo e cevada”, explica o ICNF, que adianta que até agora foram acompanhadas 12 colheitas, no âmbito das quais a equipa detectou um total de 15 locais de postura.
Como a maioria dos ninhos estavam ainda com ovos, foram anilhadas para já apenas nove crias, e colocaram-se também protecções em volta.
A águia-caçadeira (Circus pygargus), também conhecida como tartaranhão-caçador, está classificada como Em Perigo de extinção em Portugal, onde “tem registado um declínio continuado”. É a mais pequena das águias europeias e só está presente em território nacional de meados de Março a Agosto ou Setembro, migrando depois para África.
Os ninhos desta águia ficam escondidos no meio das searas, entre a vegetação alta, e por isso precisam de ser detectados e protegidos para não serem destruídos na altura da colheita. Cada casal pode cuidar de até cinco ovos que ficam em incubação durante 28 ou 29 dias. Já as crias estão prontas para voar passados cerca de 40 dias.
As águias-caçadeiras alimentam-se sobretudo de insectos, como por exemplo gafanhotos, mas também passeriformes, répteis e mamíferos. O seu nome comum está relacionado com o facto de terem grande habilidade para caçar, com movimentos ágeis e precisos.
“A sua distribuição é maior nas planícies alentejanas, frequentando terrenos abertos com poucas árvores, nomeadamente áreas de culturas de sequeiro, pastagens ou pousios.”
Esta espécie pode ser aliás encontrada também, por exemplo, em terras de cultura de cereais na região de Trás-os-Montes, onde na zona de Miranda do Douro foi alvo de um projecto semelhante em 2020, realizado por proprietários agrícolas e pela associação Palombar.
Saiba mais.
Veja aqui o vídeo do ICNF dedicado a este projecto.