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As 10 espécies de aves a procurar. Ilustrações: Lynx Edicions

Birdwatchers chamados a ajudar a encontrar 10 das aves mais raras do mundo

21.12.2021

Novo projecto de âmbito mundial Search for Lost Birds vai apoiar expedições para encontrar 10 espécies de aves que já não são vistas há, pelo menos, uma década.

É um novo esforço mundial que está a pedir a ajuda de investigadores, conservacionistas e da comunidade de observadores de aves mundial para encontrar 10 espécies de aves raras que estão perdidas para a Ciência.

O Search for Lost Birds é uma colaboração entre as organizações Re:wild, American Bird Conservancy (ABC) e a BirdLife International e conta com os dados do Cornell Lab of Ornithology e a sua plataforma eBird, usada por observadores de aves um pouco por todo o mundo.

É uma extensão de um outro projecto da Re:wild, o Search for Lost Species program. Lançado em 2017, este conseguiu descobrir desde então oito das 25 espécies perdidas mais procuradas.

Como o seu nome sugere, o Search for Lost Birds foca-se exclusivamente na redescoberta de aves que se tornaram enigmas para a Ornitologia.

As 10 espécies de aves a procurar. Ilustrações: Lynx Edicions

“Com esta nova parceria seremos capazes de ter mais expedições direccionadas no terreno. Se conseguirmos encontrar estas aves, os conservacionistas poderão protegê-las melhor das ameaças que enfrentam”, explicou, em comunicado Barney Long, director de estratégias de conservação na Re:wild.

A ideia é aproveitar a força colectiva da comunidade de birdwatchers para ajudar a encontrar estas 10 espécies. A plataforma eBird é um exemplo daquilo que a comunidade mundial de observadores de aves pode conseguir. Hoje, o eBird tem mais de 700.000 utilizadores registados que submeteram mais de mil milhões de avistamentos de aves por todo o mundo. Contudo, nenhuma dessas observações é destas 10 espécies de aves.

Na verdade, já ninguém as vê na natureza há, pelo menos, 10 anos. Mas não estão classificadas como Extintas pela Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

As razões para o seu desaparecimento vão desde a destruição do habitat às espécies invasoras. Em alguns casos, as espécies desapareceram simplesmente porque os investigadores não sabem onde ou como procurá-las ou não têm acesso aos seus habitats (que podem estar em locais remotos ou em zonas com restrições à circulação).

Muitas destas espécies perdidas são nativas de áreas ricas em biodiversidade mas também precisam de conservação urgente.

As 10 espécies vivem em cinco continentes e abrangem vários grupos, desde os colibris às rapinas. Algumas foram recentemente perdidas para a Ciências, outras não são avistadas há mais de 100 anos. Por exemplo, a coruja Otus siaoensis só foi documentada uma vez, quando foi descrita, em meados de 1800.

Estas são as 10 espécies de aves a procurar: Bernieria tenebrosa (vista pela última vez em Madagáscar em 1999); Callaeas cinereus (vista pela última vez na Nova Zelândia em 2007); Rhinoptilus bitorquatus (vista pela última vez na Índia em 2009); Caprimulgus prigoginei (visto pela última vez na República Democrática do Congo em 1955); Chondrohierax wilsonii (visto pela última vez em Cuba em 2010); Ptilinopus arcanus (visto pela última vez nas Filipinas em 1953); Campylopterus phainopeplus (visto pela última vez na Colômbia em 2010); Atlapetes terborghi (visto pela última vez no Peru em 1968); Ophrysia superciliosa (visto pela última vez na Índia em 1877); e Otus siaoensis (visto pela última vez na Indonésia em 1866).

Duas expedições, lideradas por parceiros locais e nacionais e financiadas pela parceria Search for Lost Birds, vão partir para o terreno já no próximo ano. Estas vão procurar a coruja Otus siaoensis na Indonésia e a Bernieria tenebrosa em Madagáscar.

A redescoberta de outras espécies perdidas deu origem a esforços de conservação que as ajudaram a recuperar de ameaças à sua sobrevivência. A rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis) no Brasil e o zarro-de-Madagáscar (Aythya innotata) são duas espécies que estavam perdidas mas que agora estão a aumentar as suas populações, graças a esforços de conservação após terem sido redescobertas.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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