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Foto: Joana Bourgard / Wilder

Aves urbanas do Sul da Europa têm comportamentos mais diversos

12.02.2016

Uma equipa internacional de cientistas estudou 54 espécies de aves na Europa e descobriu que quanto mais para Norte, menos diferenças existem entre os comportamentos das aves que vivem em habitats urbanos e rurais.

 

Já se tinha comprovado que algumas aves alteram os seus padrões de canto nas cidades em relação às aves que vivem nas zonas rurais. Nos meios urbanos, onde há mais ruído e luz, as aves alargam a sua época de cria, começando a cantar mais cedo.

Agora, uma equipa de investigadores de nove países (Espanha, França, Noruega, Dinamarca, Holanda, Finlândia, Estónia, Hungria e Polónia) estudou 54 espécies de aves a larga escala (num gradiente longitudinal de 3.800 quilómetros na Europa) e concluiu que as aves urbanas começam a cantar mais cedo e cantam durante mais tempo do que as aves rurais. Além disso, também concluiu que o período de canto começa mais tarde e é mais curto à medida que nos deslocamos para o Norte da Europa.

“Comprovámos como as diferenças entre aves urbanas e rurais é menos evidente à medida que nos deslocamos para Norte. Por exemplo, as aves de Granada adiantam 17 dias a época de cria em relação às aves das cidades do Norte da Finlândia”, explica o investigador do Museu Nacional de Ciências Naturais de Madrid, Mario Díaz, que participou no artigo, publicado na revista Climate Research, à agência espanhola SINC (Servicio de Información y Noticias Científicas).

“Nas cidades, a época de cria começa antes e dura mais tempo do que nas zonas rurais (entre 5 e 28 dias de diferença, segundo algumas espécies), independentemente dos factos climáticos. Mas esta diferença diminui à medida que nos deslocamos para Norte”, continuou o investigador.

“Este atenuar de diferença deve-se a várias causas: há menos ruído e também menos predadores, mas sobretudo a margem de manobra permitida pelo clima é menor. Ainda que as aves vivam em cidades, é difícil adiantar a época de cria em lugares onde o frio e a escassez de luz duram quase até à Primavera”, termina Díaz.

Segundo os dados obtidos no estudo, na Europa o efeito que a vida na cidade provoca nos ciclos vitais das aves é equivalente ao de um deslocamento de 4.000 para Norte.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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