Todos os anos, os andorinhões-pretos (Apus apus) viajam mais de 20.000 quilómetros desde a Península Ibérica até África, revelou na semana passada a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife), graças às tecnologias de geolocalização.
O andorinhão-preto é uma das três espécies de andorinhões que ocorrem em Portugal. Podemos vê-lo de Março a Outubro de Norte a Sul do país. Apesar de serem aves comuns na Península Ibérica, até há bem pouco tempo não se sabia onde passavam o Inverno.
Para descobrir mais sobre as rotas migratórias destas aves, o Programa Migra da SEO/Birdlife colocou, desde 2012, geolocalizadores em 41 andorinhões-pretos no município madrileno de Nuevo Baztán.
Na sexta-feira foram revelados os resultados desta monitorização. Agora sabe-se que, quando chega o Outono, os andorinhões abandonam as suas zonas de nidificação em Espanha, atravessam o deserto do Saara e, depois de voarem 9.000 quilómetros, chegam ao seu primeiro local de invernada entre os Camarões e a República Democrática do Congo.
“Em Dezembro partem para uma segunda zona de invernada, mais a Este, perto das costas da Tanzânia, Quénia e Moçambique”, explicou, em comunicado, Ana Bermejo, uma das responsáveis pelo programa Migra.
Em Fevereiro começa a viagem de regresso à Península Ibérica, atravessando África, o golfo da Guiné e o deserto do Saara. Chegam a Espanha em Maio, depois de 11.000 quilómetros percorridos em três meses.
Segundo a SEO/Birdlife, este ano vão continuar a marcar mais aves com geolocalizadores, que pesam 0,6 gramas.
“É muito importante conhecer as rotas migratórias e os lugares de invernada em África para, na medida do possível, acabar” com as ameaças a estas aves, como a destruição dos habitats, a caça ilegal, o veneno e as linhas eléctricas, defende esta organização.
Actualmente, o programa Migra tem 783 aves marcadas de 32 espécies diferentes.
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Conheça as três espécies de andorinhões que ocorrem em Portugal.