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Floresta. Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay
Foto: Aymanjed Jdidi/Pixabay

Alterações climáticas afectam as folhas das árvores, revela novo estudo

16.11.2023

As alterações climáticas afectam as folhas das árvores, tanto o tipo (perene ou caduca) como a sua forma (larga ou estreita), segundo um novo estudo científico publicado na revista Nature Plants.

Uma equipa internacional de investigadores, no qual participou o Museo Nacional de Ciencias Naturales (MNCN-CSIC) de Espanha, estudou os factores que influenciam a forma e o tipo de crescimento das folhas das plantas.

Os resultados, publicados na revista Nature Plants, mostram que a temperatura influencia tanto o tipo de folha (perene ou caduca), como a sua forma (larga ou estreita).

Além disso, a investigação estimou a distribuição global de cada tipologia e concluiu que entre 17 e 34% das florestas registam já uma alteração nas condições climáticas que não é adequada ao tipo de folha que as caracterizam. 

“As florestas albergam a maior parte da biomassa vegetal e da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e regulam ciclos como o do carbono e o da água. Nestas funções, as folhas das plantas têm um papel crucial já que, através de processos como a fotossíntese, distribuem a energia solar e intervêm no ciclo do carbono”, explicou, em comunicado, Fernando Valladares, investigador do MNCN que participou no estudo. “Por isso, neste estudo quisemos analisar os factores ambientais que determinam a forma e o tipo de crescimento das folhas que, de forma simplificada, se classificam em caducas ou perenes, segundo a sua persistência, e em estreitas ou largas, em função da sua superfície. Além disso, perguntámo-nos em que proporção se encontra cada tipo a nível mundial e como é a sua distribuição”, acrescentou o investigador.

Para este estudo, os cientistas usaram dados de 9.781 inventários florestais e registos completos da forma e da persistência das folhas a nível das espécies de árvores.

“Os resultados mostraram que a isotermia (constância nas temperaturas) face à variação das estações, aliada a características do substrato – como a sua textura e acidez -, determinam globalmente o surgimento de plantas com folha caduca ou perene”, explicou Fernando Valladares. “Ambos são factores que estão a mudar a nível mundial.”

“Por outro lado, a temperatura do período mais frio do ano, algo que também está a mudar, é crucial para determinar se predominam as plantas com folhas em forma de agulha, mais adaptadas a ambientes extremos, ou com folhas largas”, comentou ainda.

Segundo os dados analisados, 38% das árvores a nível mundial têm folha perene e estreita (correspondendo a 21% da biomassa superficial), 29% têm folha perene e larga (54% da biomassa superficial), 27% têm folha caduca e larga (22% da biomassa superficial) e 5% têm folha caduca e estreita (3% da biomassa superficial).

“Se as emissões de carbono continuam como o previsto, também estimamos que entre 17 e 34% das florestas do mundo vão registar alterações na temperatura que afectarão o tipo de folha característico de cada espécie arbórea, aumentando a pressão ambiental que já sofrem”, concluiu Fernando Valladares.

Segundo o investigador, “estes dados são importantes para orientar futuras acções de conservação e para afinar mais os cálculos do carbono que está armazenado nos ecossistemas terrestres”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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