Uma águia-imperial recuperada no Centro de Recuperação de Fauna Silvestre “El Chaparrillo”, em Ciudad Real, foi devolvida à natureza a 20 de Abril pela Junta de Castela-La Mancha.
A águia-imperial, uma fêmea, tem cerca de dois anos de idade e esteve em recuperação em El Chaparrillo, onde deu entrada a 17 de Janeiro, na sequência de uma intoxicação. Segundo as autoridades, esta ave tinha “níveis elevados de chumbo no sangue”.
“O chumbo é um metal pesado muito tóxico que se utiliza na munição de caça. Os organismos não conseguem eliminá-lo e, por isso, acumula-se no corpo dos animais, actuando como um veneno”, explica a Junta de Castela-La Mancha.
O quadro típico de uma intoxicação por chumbo consiste em debilidade, problemas digestivos, renais e anemia.
A libertação realizou-se na mesma propriedade agrícola de La Garganta (Los Escoriales), situada entre Brazatortas e Fuencaliente (Ciudad Real) onde a águia foi encontrada doente e de onde é originária.
O conselheiro regional para o Desenvolvimento Sustentável, José Luis Escudero, salientou, em comunicado, que, apesar de o governo da Junta ter muito claro que a sua prioridade durante a actual emergência sanitária causada pelo Covid-19 é mitigar a pandemia, “não podemos abandonar os nossos compromissos e obrigações para com o ambiente”. “Manter e desenvolver os planos de recuperação e conservação de espécies ameaçadas é um deles.”
A águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti) é uma espécie classificada como Em Perigo de extinção na lista nacional espanhola e na lista regional de espécies ameaçadas, ainda que a sua população tenha aumentado nos últimos anos.
Segundo José Luis Escudero, a região de Castela-La Mancha passou de 30 casais reprodutores em 1993, apenas em Toledo e Ciudad Real, “para os cerca de 250 casais reprodutores que temos hoje, principalmente em Toledo e Ciudad Real mas também em Albacete, Guadalajara e Cuenca”.
Actualmente, a Junta de Castela-La Mancha está a ajudar esta espécie através da correcção das linhas eléctricas para evitar electrocussões – a sua principal causa de mortalidade não natural – e da luta contra o uso ilegal de venenos na natureza, a segunda causa de mortalidade não natural.
Em Portugal, em 2019 houve 17 casais reprodutores de águia-imperial-ibérica. Dois dos ninhos situam-se na região do Tejo Internacional (Beira Alta) e os restantes no Alto e Baixo Alentejo. Estes casais conseguiram 22 crias, 20 das quais sobreviveram.
Esta ave é considerada Em Perigo Crítico de extinção em Portugal, onde só voltou a nidificar em 2003, depois de ter deixado de se reproduzir no país durante os anos 80.