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A maior gaivota do mundo está em declínio

08.08.2022
Gaivotão-real (Larus marinus). Foto: Charles J. Sharp/WikiCommons

Entre os anos de 1985 e 2021, a população mundial de gaivotão-real (Larus marinus), a maior gaivota do mundo e que pode ser encontrada com regularidade em Portugal, registou uma quebra de entre 43% a 48%, revela um novo estudo publicado na revista Bird Conservation International.

Nos últimos anos tem surgido cada vez maior preocupação com os declínios locais e regionais da população desta espécie, que vive nas costas temperadas e árcticas de ambos os lados do oceano Atlântico e que se reproduz, principalmente, nos Estados Unidos, Canadá, Islândia, Escandinávia e Ilhas Britânicas.

Gaivotão-real (Larus marinus). Foto: Charles J. Sharp/WikiCommons

No entanto, ainda não tinha sido feita nenhuma avaliação das tendências populacionais à escala mundial.

A 5 de Agosto, uma equipa internacional de investigadores – coordenada por Samuel Langlois Lopez e por Alexander L. Bond, do North Highland College, na Escócia, – publicou os resultados do seu trabalho, onde analisou as tendências populacionais à escala global, continental e nacional de 1985 a 2021, seguindo os critérios da Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Foram usados dados com contagens de casais reprodutores feitas em 17 países, quer através de censos por barco ou aéreos, quer pela opinião de peritos.

“Descobrimos que, a nível mundial, a espécie declinou entre 43 e 48% durante esse período (1,2 a 1,3% por ano, respectivamente), passando de cerca de 291.000 casais reprodutores para entre 152.000 e 165.000”, escrevem os autores do artigo.

As populações da América do Norte declinaram mais do que as da Europa (68,7% e 28,1%, respectivamente).

Gaivotão-real (Larus marinus). Foto: Charles J. Sharp/WikiCommons

A maioria das populações de gaivotão-real aumentaram durante a maior parte do século XX, atingindo o seu pico nas últimas décadas desse século. Depois desse pico, os investigadores registaram declínios na maioria das populações que, historicamente, tinham uma grande percentagem da população mundial, os bastiões da espécie: Canadá atlântico, Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Suécia e Islândia.

A excepção foi a Noruega que, com quase metade da população reprodutora da Europa, aparentemente, se manteve relativamente estável.

Já os aumentos foram registados em regiões com populações menores, geralmente nos limites da distribuição da espécie ou em áreas recentemente colonizadas, como Espanha, Alemanha, Países Baixos, Svalbard, Carolina do Norte ou Virgínia (ambas nos Estados Unidos).

Os investigadores recomendam que o estatuto do gaivotão-real na Lista Vermelha da UICN seja revisto de Pouco Preocupante para Vulnerável, com base no critério A2 (uma redução estimada do tamanho populacional superior a 30% em três gerações).

Em Portugal, o gaivotão-real é um “invernante raro”, segundo o portal Aves de Portugal. Esta “é uma espécie costeira que se encontra sobretudo na metade norte do litoral português, sendo menos frequente na metade sul. Ocorre sobretudo isoladamente ou em pares, sendo raros os bandos de mais de três aves. O melhor período para a sua observação é entre Novembro e Fevereiro”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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