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TV: “A fábrica das pandemias com Juliette Binoche” mostra ligação entre perda de biodiversidade e pandemias

23.06.2023
Documentário "A fábrica das pandemias". Foto: Pierrot Men

O canal Odisseia estreia, em exclusivo, o documentário premiado A Fábrica das Pandemias com Juliette Binoche a 24 de junho, às 22h30, um trabalho da realizadora e jornalista de investigação, Marie-Monique Robin, vencedora do Prix Albert Londres, no qual a actriz francesa Juliette Binoche participa como porta-voz. 

Vencedor do Prémio Especial nos Deauville Green Awards 2022, do prémio para Melhor Documentário no International Film Festival de Shenzhen e o Prémio do Público no Festival de Lumexplore, “A Fábrica das Pandemias com Juliette Binoche”, de 2022, acompanha a atriz francesa num mundo em que múltiplas sentinelas científicas monitorizam as consequências das alterações climáticas na propagação de novos agentes patogénicos, especialmente em locais como as zonas de desflorestação, monoculturas e explorações pecuárias industriais.

Documentário “A fábrica das pandemias”. Foto: Pierrot Men

Este documentário de 107 minutos, em duas partes, é exibido às 22h30 e 23h20.

Nele, Marie-Monique reúne dezenas de estudos e cientistas de disciplinas distintas – parasitologistas, virologistas, biologistas e ecologistas – que mostram que existe uma ligação entre a perda da biodiversidade e a emergência de pandemias como a Covid-19, o Ébola, Zika, a Febre de Lassa e SARS. 

Estas doenças emergentes são zoonoses, transmitidas por animais aos seres humanos, e o seu aparecimento deve-se em grande parte à degradação da biodiversidade causada pelas atividades humanas. 

Madagáscar. Foto: D.R.

De acordo com a investigação de Marie-Monique Robin, a desflorestação contribui para a emergência de novas doenças infecciosas porque os animais portadores desses patógenos são forçados a deslocar-se e a aproximar-se de produções agrícolas industriais e regiões onde vivem humanos. 

Neste documentário, Juliette Binoche parte ao encontro de investigadores de todo o mundo, desde o Gabão a Madagáscar e Tailândia, para compreender quais são as relações entre a saúde humana e a saúde dos ecossistemas.

Centro Valbio, Madagáscar. Foto: Pierrot Men

Em resposta a esta ameaça, os cientistas propõem a ideia de “saúde planetária”, uma concepção que engloba o bem-estar não só dos seres humanos mas também dos animais e dos ecossistemas. 

O documentário baseia-se no livro La Fabrique des pandémies : Préserver la biodiversité, un impératif pour la santé planétaire, escrito em colaboração com o investigador francês Serge Morand, do Centre national de la recherche scientifique (CNRS) e publicado em 2021. 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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