Os primeiros dias de vida desta pequena ave e dos seus progenitores podem ser espiados através de uma câmara estrategicamente colocada, por cima do ninho.
Este equipamento foi colocado na Tapada de Mafra no âmbito do projecto LIFE LxAquila, coordenado pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e comparticipado pela União Europeia, com o objectivo de proteger a águia-de-bonelli, “que na Área Metropolitana de Lisboa vive excepcionalmente perto das pessoas”, indica a SPEA em comunicado.
A câmara foi instalada por uma equipa de técnicos especializados, em Setembro passado -ainda antes do início da época de reprodução desta espécie – e permite agora a quem estiver interessado seguir a nova cria em directo, tal como o ovo que está ainda por eclodir.
“Vamos poder acompanhar a cria, os pais a alimentá-la, e todo o seu desenvolvimento até abandonar o ninho lá para Junho”, disse Joaquim Teodósio, ligado à SPEA, citado no comunicado. Neste momento, macho e fêmea revezam-se para alimentar a cria.
O casal de águias que está agora a ser seguido já era conhecido na Tapada de Mafra, onde é uma presença regular. Tem sido aliás monitorizado todos os anos, o que ajudou a preparar a instalação da câmara.
“Para além de nos dar informação importante sobre esta espécie, ter esta câmara a transmitir em direto na Internet permite que todos possam conhecer as águias-de-bonelli e presenciar estes momentos fascinantes sem perturbar as águias ou pôr em risco esta espécie ameaçada.” Minimizar a perturbação humana junto das aves desta espécie é aliás um dos objectivos do novo projecto.
Para proteger estas águias “que aqui estão no limiar da sobrevivência”, o novo projecto está também “a juntar comunidades locais, autoridades e conservacionistas, criando uma rede de custódia para proteger as águias e restantes valores naturais da região”, adianta a SPEA. Outras medidas previstas são a promoção de práticas amigas das águias e da biodiversidade, a prevenção e combate ao crime ambiental e a correcção de linhas elétricas perigosas, onde as águias podem morrer electrocutadas.
Coordenado pela SPEA, o projeto iniciou-se em Setembro de 2020 e deverá terminar em Setembro de 2025. Tem ainda como parceiros seis municípios – Alenquer, Loures, Mafra, Sintra, Torres Vedras e Vila Franca de Xira – e outras sete entidades: Companhia das Lezírias, E-Redes, GNR, Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Parques de Sintra – Monte da Lua, Sociedad Española de Ornitologia (SEO/BirdLife) e Tapada Nacional de Mafra.