A noroeste do Cabo Carvoeiro, o Atlântico acolhe terras de plantas únicas e com uma avifauna marinha que vai querer conhecer. Planeie a viagem de barco até à Berlenga e parta à descoberta destes seis residentes da ilha. Convém lembrar que não há sombras nem cursos de água doce, por isso, não se esqueça de levar consigo água, chapéu e protetor solar.
Arméria-das-Berlengas (Armeria berlengensis)
Esta planta aproveita as fendas graníticas para agarrar as suas finas raízes e é em abril e maio que podemos avistá-la nas encostas do ilhéu, nas falésias e nos afloramentos rochosos. Graças às suas flores e forma particulares, facilmente a identificará. Infelizmente, a competição com o chorão, mas principalmente, a superlotação de gaivotas – que a utilizam na construção dos seus ninhos e alteram a composição química dos solos com os seus dejetos – colocaram a espécie em perigo. Atualmente, é considerada uma espécie criticamente ameaçada e, por isso, constantemente monitorizada.
Herniária-das-Berlengas (Herniaria berlengiana)
Outra espécie endémica das berlengas é a herniária, hoje em dia, considerada vulnerável devido à ameaça do chorão. Esta espécie rasteira assume a forma de uma pequena roseta e, o facto de ser suculenta, permite-lhe resistir a elevados níveis de salinidade. Procure a herniária em fissuras graníticas e em zonas onde o solo é esquelético; esses são os locais de eleição para a instalação destas plantas de pequeno porte. Esteja atento porque, ao longo dos trilhos, facilmente passa despercebida.
Pulicária-das-Berlengas (Pulicaria microcephala)
Esta planta, que se dispersa um pouco por toda a ilha, é bastante ramificada e carateriza-se pelas flores amarelas que lembram calêndulas em ponto pequeno. À semelhança das anteriores, também é exclusiva das Berlengas. A altura do ano mais fácil para a identificar é entre Março e Julho, quando está em floração.
Cagarra (Calonectris borealis)
As cagarras podem ser observadas ao longo de toda a costa portuguesa, mas só nidificam nos Açores, na Madeira e nas Berlengas. Caraterizam-se pelo seu bico amarelo e exuberantes asas brancas bordeadas a castanho, bem visíveis durante o voo.
As águas das Berlengas, ricas em peixe e moluscos, são ótimas fontes de alimento para estas aves, mas o facto de colocarem apenas um ovo torna-as espécies vulneráveis. Os ninhos de cagarras não são acessíveis aos visitantes da Berlenga, mas, até outubro, é possível acompanhar o crescimento de uma cria graças à colocação de uma câmara num ninho da ilha Berlenga.
Galheta (Phalacrocorax aristotelis)
Na ilha Berlenga encontram-se também famílias de galhetas. Esta espécie costeira é facilmente reconhecida graças à crista levantada na testa e plumagem escura, com reflexos esverdeados. Também apelidadas de corvos-marinhos-de-crista, estas aves fazem os seus ninhos, em grupo ou isoladamente, nos pequenos patamares rochosos das falésias, fendas ou grutas. São excelentes nadadoras, por isso não é de estranhar se encontrar alguma poisada no mar ou a mergulhar.
Gaivotas
Saiba distinguir a gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis) da gaivota-de-asa-escura (Larus fuscus). A primeira é um pouco maior e carateriza-se pelo tom prateado/cinzento-claro do dorso e das asas – contrastante com a ponta preta com pintas brancas. Normalmente, mesmo no caso das juvenis (quando ambas possuem uma plumagem acastanhada), a Larus fuscus apresenta um tom mais escuro que a sua congénere.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Existem, pelo menos, três coisas que pode fazer para ajudar a proteger a vida selvagem das Berlengas:
- Por razões de conservação e monitorização ambiental, nem toda a ilha pode ser visitada, por isso, respeite a sinalização e circule sempre nos trilhos;
- Escolha observar e fotografar as espécies em vez de as apanhar;
- No final da sua visita, junto do posto de informação do ICNF (Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas), preencha um inquérito e dê a sua opinião sobre o que pode ser feito para melhorar a gestão desta área marinha.
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Este texto foi editado por Helena Geraldes.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
Está a decorrer um projecto de conservação da vida selvagem das Berlengas. A Wilder foi lá ver o que está a acontecer. Saiba tudo aqui.