A Wilder pediu aos investigadores do Grupo de Trabalho em Aves Nocturnas para sugerirem espécies que se podem ouvir nesta época em Portugal. Fique a conhecer quais são.
Nos dias de Inverno tudo fica mais calmo e silencioso e os ritmos do mundo natural parecem quase parados. Mas na verdade não é bem assim. Entre as aves de hábitos nocturnos, algumas espécies estão já empenhadas na reprodução e fazem-se ouvir mais facilmente, como é o caso do bufo-real e da coruja-do-mato.
Os chamamentos e outras vocalizações são aliás a melhor forma de identificarmos as espécies deste grupo – e o método de eleição dos voluntários que colaboram todos os anos no censo Noctua Portugal, coordenado pelo Grupo de Trabalho em Aves Nocturnas, ligado à Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA).
Fique a conhecer seis aves sugeridas pelos investigadores ligados ao GTAN e alguns dos sons mais típicos que poderá ouvir num passeio nocturno de Inverno:
1. Coruja-das-torres (Tyto alba)
A coruja-das-torres pode ser encontrada em terrenos agrícolas e jardins e também no interior de algumas povoações, incluindo cidades, e está presente por todo o território continental e também na Madeira – ilha onde é a única ave nocturna. Faz ninho em edifícios abandonados, mas também em buracos de árvores e caixas-ninho. Com sorte pode ser observada a alimentar-se ainda antes do anoitecer, depois de ter caçado algum rato, rã ou insectos. A silhueta branca e a face em forma de coração tornam fácil a sua identificação.
2. Mocho-galego (Athene noctua)
O mocho-galego tem um porte pequeno e compacto. Ocorre por todo o território continental, sobretudo a sul, e pode ser encontrado mais facilmente “em terrenos abertos, áreas rochosas e semidesérticas, estepes, pastagens, jardins e pomares, muitas vezes na proximidade de quintas e povoações”, indica o portal STRI-Rapinas Nocturnas de Portugal. Como é parcialmente diurno e muitas vezes pousa sem se esconder, é relativamente fácil de observar, mas é à noite que fica mais activo. Alimenta-se de insectos, aves, pequenos anfíbios e cobras.
3. Coruja-do-mato (Strix aluco)
Esta ave nocturna prefere as florestas, mas é também comum em jardins e cidades e pode mesmo pousar em edifícios e dar caça aos roedores à volta de quintas e de casas, explica o “Guia de Aves de Portugal e da Europa”, de Lars Svensson. A coruja-do-mato alimenta-se ainda de insectos e de muitos outros animais, incluindo pequenas aves, anfíbios e répteis. Existe em grandes números em Portugal Continental e é bastante vocal e sonora.
4. Coruja-do-nabal (Asio flammeus)
A coruja-do-nabal é das aves nocturnas com hábitos mais diurnos e é invernante em Portugal, onde pode ser encontrada entre Setembro e Abril, em especial no final do Outono e no Inverno. “Os locais do país com maior número de observações recentes encontram-se principalmente no litoral centro e sul, sendo de destacar os estuários do Tejo e do Sado e, em número mais reduzido, a Ria de Aveiro e a Ria Formosa”, indica o STRI-Rapinas Nocturnas de Portugal. Alimenta-se principalmente de micro-mamíferos, como o rato-das-hortas e a rato-d’água.
5. Alcaravão (Burhinus oedicnemus)
O alcaravão é uma ave limícola, ou seja, associada a zonas húmidas, mas é raro ser observado perto da água. Tem hábitos furtivos e costuma estar mais activo desde o cair da noite até ao nascer do sol, estando presente em Portugal Continental ao longo de todo o ano – embora no Inverno os números cresçam devido à chegada de aves invernantes. “O seu chamamento assobiado, que se faz ouvir à noite ou ao crepúsculo, é um dos principais sinais da sua presença”, nota o portal Aves de Portugal.
6. Bufo-real (Bubo bubo)
Com uma envergadura de asas que pode chegar aos 1,70 metros e uma altura máxima de 73 centímetros, este é o maior dos estrigídeos europeus, ou seja, do grupo que junta todas as corujas, mochos e bufos. O bufo-real reside em montanhas e florestas e prefere áreas com rochas, escarpas íngremes e árvores velhas, em especial coníferas, explica o “Guia de Aves de Portugal e da Europa”. Tem uma distribuição fragmentada em Portugal Continental e alimenta-se de ratos, ratazanas, coelho-bravo, corvos e gaivotas, entre outros. O chamamento soa fraco, quando ouvido de perto, mas é audível a uma distância entre 1,5 a 4 quilómetros.
Saiba mais.
Conheça os resultados mais recentes do censo Noctua Portugal, que apontam para quatro espécies que estão com um declínio forte em território nacional: coruja-das-torres, mocho-d’orelhas, mocho-galego e alcaravão.