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Novo livro sugere os 13 melhores locais para observar aves na Ria Formosa

11.06.2018

Este é um livro para quem está de visita à Ria Formosa e quer saber onde pode ver inúmeras espécies de aves selvagens, como os patos-de-bico-vermelho, os pernilongos ou as galinhas-sultanas. Birding hotspots in the Algarve – At the heart of Ria Formosa é o quarto livro de uma série do escritor naturalista Gonçalo Elias, com os melhores locais para fazer birdwatching.

 

Gonçalo Elias, 50 anos, tem formação académica em Engenharia Electrotécnica mas desde há muito que dedica o seu tempo às aves selvagens. Este perito, coordenador do portal Aves de Portugal, acabou de lançar o quarto livro da série Birding hotspots in the Algarve, dedicado à Ria Formosa.

Nas cerca de 40 páginas do livro há 12 locais específicos em redor da Ria Formosa e um outro numa zona elevada em Olhão, de onde se pode contemplar a Ria.

O autor organizou o livro por hotspots. Dedicou duas páginas para cada um, com a paisagem, um mapa com indicação das estradas e caminhos (e a melhor estratégia para chegar ao local), um texto descritivo e uma lista de espécies a observar por época do ano.

“Este é um livro com uma linguagem simples, acessível a qualquer pessoa”, explicou à Wilder Gonçalo Elias. E deixou um aviso. “Não é um guia de campo, de identificação de espécies, mas sim um complemento que pretende dar indicações precisas dos sítios concretos onde as pessoas podem ir”, para as ajudar a ter uma boa experiência de observação de aves. “Os guias de identificação não dizem onde ir para procurar rolieiros ou abelharucos”, por exemplo.

Assim, cada hostpot é um local específico, com uma dimensão muito pequena. Um ponto de observação. Estes pontos estão nas ilhas barreira (Barreta, Culatra e Armona) e na parte de dentro da Ria Formosa, ou seja, na margem. E abrangem habitats diferentes, desde salinas, lagoas, pinhal e charcas.

“Tentei escolher sítios menos conhecidos, não referidos nos roteiros mas que têm potencial e funcionam como complemento aos principais”, acrescentou.

Todos são de acesso público – só na Quinta de Marim é preciso comprar bilhete de acesso e para chegar às ilhas barreira é preciso pagar o barco – e os caminhos são de fácil acesso, com trilhos reconhecíveis, pensando em pessoas de todas as idades.

Este foi um livro que exigiu a Gonçalo Elias muito trabalho de campo. “Fui aos sítios para avaliar se tinham interesse, identifiquei os locais com potencial ou fui à procura deles olhando para o mapa.”

Depois, ia tomando notas sobre o que via lá, explorando os percursos ali à volta. “Fui a cada local pelo menos três vezes ao longo do ano e fiz a lista de espécies que consegui observar. Isto é muito importante para perceber que espécies são regulares e quais as fortuitas.”

Além disso, acrescentou, “não gosto de sugerir espécies muito ocasionais porque estamos a criar a expectativa de que a pessoa vai ver a espécie, ainda que não haja garantias”.

Mas o trabalho ainda está longe de terminar. Gonçalo Elias verifica na plataforma eBird se há algum sítio que lhe está a escapar. Tira as distâncias. Faz os percursos com base na experiência das suas visitas ao local, “para saber o que estou a recomendar aos visitantes”.

Entre os critérios de escolha destes hotspots está o interesse das aves. “No Algarve há aves em todo o lado e a subjectividade é grande. Mas tentei escolher sítios com aves interessantes, especialmente para visitantes estrangeiros”.

Os livros da série Birding hotspots in the Algarve têm estes turistas em mente. Na verdade são feitos a pensar em quem vem a Portugal de visita e só estão escritos em Inglês. “Acontece que grande parte da informação já está disponível no portal Aves de Portugal, gratuitamente, em Português”, explicou.

“As pessoas de outros países querem ver em Portugal espécies que não ocorrem nos seus países. Querem encontrar espécies diferentes”, explicou. Visitantes de países do Centro e Norte da Europa – como o Reino Unido, a Holanda ou a Dinamarca – procuram aves como a poupa, o abelharuco, as garças, os flamingos, as cegonhas e várias aves de rapina. “O que interessa em Portugal e em Inglaterra é diferente. Como é o caso da garça-boieira que continua a ser uma espécie interessante no Norte da Europa mas aqui é um lugar comum.”

Assim, Gonçalo Elias retirou as espécies mais comuns (como o melro ou o pardal) e as mais raras e organizou as aves em três categorias: residentes, visitantes estivais (que vêm a Portugal nidificar) e visitantes sazonais (que vêm cá mas que não nidificam, estão de passagem, por exemplo no Inverno).

Agora é só ir à procura delas.

E neste momento, Gonçalo Elias já está a visitar os locais para o próximo volume desta série. No total, em 2020, serão nove volumes, com um total de cerca de 100 hotspots.

Os volumes já publicados são Around Lagos, Castro Marim and Vila Real de Santo António e Tavira and the North-East.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Gonçalo Elias sugere estas espécies sugeridas para ver na Ria Formosa:

  • calhandrinha-das-marismas (ilhas barreira, Armona e Culatra);
  • alcaravão (ilhas barreira);
  • pernilongo (na ria e nas salinas);
  • gaivota-de-bico-fino (nas salinas de Olhão);
  • pato-de-bico-vermelho, camão ou galinha sultana (na Quinta do Lago, Loulé).

 

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Birding hotspots in the Algarve – At the heart of Ria Formosa

Por Gonçalo Elias

Editora: CreateSpace Independent Publishing Platform

Preço: 4,70 euros.

À venda online na Amazon.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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