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Oceano Atlântico. Foto: Tiago Fioreze/Wiki Commons

Mouraria faz arraial sem sardinha pela conservação dos oceanos

07.06.2018

O Dia Mundial dos Oceanos, a 8 de Junho, será celebrado em Lisboa com um arraial onde não entra a sardinha mas sim o carapau, para ajudar a conservar aquela espécie.

 

Este arraial, apresentado como o primeiro sem sardinha da cidade de Lisboa, vai acontecer no Largo da Rosa, no bairro da Mouraria, na noite de 8 de Junho e é organizado ela plataforma PONG-Pesca (Plataforma de Organizações Não Governamentais sobre a Pesca) e pela Associação Renovar a Mouraria.

Amanhã à noite, a típica sardinha será substituída pelo carapau capturado pela arte de cerco. O objectivo é “chamar a atenção das pessoas para alternativas viáveis ao consumo da sardinha, espécie cujo stock ibérico se encontra em declínio há vários anos”, explicam os organizadores em comunicado.

Os carapaus são capturados pela Sesibal, a Organização de Produtores de pesca do cerco. Cerca de 100 quilos de carapau serão fornecidos gratuitamente pela Docapesca.

“Esta diversificação no peixe que consumimos é uma boa prática que deveria ser replicada por mais arraiais”, comentou Rita Sá, representante da PONG-Pesca. A responsável espera “que este ato pioneiro venha a abrir essa porta no futuro.”

“A decisão de não servir sardinha resulta do nosso desejo de ser o mais amigo do ambiente possível”, disse Inês Andrade, presidente da Associação Renovar a Mouraria. Esta acredita que vão “conseguir chamar a atenção de muitas pessoas para a questão do mau estado biológico da sardinha”.

Segundo a PONG-Pesca, o carapau é a melhor alternativa à sardinha, dadas as características das duas espécies e o facto de ambas serem capturadas pela frota do cerco portuguesa. “A opção pelo carapau deve-se ao facto deste stock estar em bom estado e estar a ser explorado a níveis sustentáveis, não tendo sido totalmente utilizadas nos últimos anos as quotas definidas”, explica a plataforma.

Quem for ao “Arraial com Carapau no Dia Mundial dos Oceanos” pode contar com um concerto a partir das 19h00 de uma banda de rumba e soukous formada por imigrantes originários da região do Baixo Congo.

Além disso, haverá copos reutilizáveis, talheres e pratos biodegradáveis e compostagem dos restos alimentares. A Associação Renovar a Mouraria pretende organizar este ano o arraial mais sustentável de Lisboa.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba mais sobre o “Arraial com Carapau no Dia Mundial dos Oceanos” aqui.

Descubra onde pode ver de perto um cardume de sardinhas, em Lisboa.

Fique a saber mais sobre a sardinha aqui.

A PONG-Pesca é constituída pelas organizações de conservação marinha portuguesas: Associação Portuguesa para o Estudo e Conservação dos Elasmobrânquios (APECE), Grupo de Estudos do Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), Liga para a Protecção da Natureza (LPN), Observatório do Mar dos Açores (OMA), Associação Nacional de Conservação da Natureza (Quercus), Associação de Ciências Marinhas e Cooperação (Sciaena), Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e Associação Natureza Portugal (ANP) em associação com a WWF.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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