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Já podemos voltar a visitar o Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz

31.05.2017

Durante anos, o Jardim Botânico do Palácio Nacional de Queluz esteve abandonado, depois foi roseiral e picadeiro. Passados cinco anos de restauro, vai ser inaugurado a 5 de Junho com quase 150 espécies botânicas diferentes.

 

O jardim botânico tem 2.710 metros quadrados e 144 espécies e foi recuperado com o objectivo de restituir o jardim que ali existia em 1865, segundo um comunicado da Parques de Sintra, entidade que gere o Palácio Nacional de Queluz.

 

Foto: Wilson Pereira

 

Graças à documentação de arquivo e a sondagens arqueológicas foi possível saber como era aquele jardim no século XVIII, desde as estufas, ao lago central, às estátuas e às espécies botânicas. “Sucessivamente destruído por fenómenos naturais e abandonado, o Jardim Botânico perdeu a sua função original, tendo sido transformado em roseiral em 1940”, explica a Parques de Sintra. “Em 1984, na sequência das cheias de 1983 que afectaram fortemente esta zona, o jardim foi desmontado e transformado numa área ampla para picadeiro da Escola Portuguesa de Arte Equestre.”

A intervenção, num valor de 815 mil euros, repôs as quatro estufas, restaurou as balaustradas que delimitam os diferentes espaços do Jardim, os alegretes e respectivos bancos e painéis de azulejos, as cantarias do lago central e a estatuária.

As plantas do Jardim foram selecionadas com base no Index de Manuel de Moraes Soares, que lista as 198 espécies ali existentes no ano de 1789. A partir dessa lista foram contactadas várias instituições a nível mundial que forneceram plantas e sementes.

 

Foto: Luís Duarte

 

A Parques de Sintra especificou à Wilder que o Jardim tem agora 78 dessas 198 espécies; as restantes 66 estavam referidas em outras fontes documentais contemporâneas à construção do Jardim. No total, podemos ver 144 espécies, como os ananases que foram plantados no interior das estufas. De acordo com os registos históricos, estes eram ali produzidos para os banquetes de Queluz.

 

Foto: Luis Duarte

 

Além destas 144 espécies, o restauro do Jardim Botânico instalou estruturas de drenagem e abastecimento de água e comunicações, uma rede de caminhos e 24 canteiros – representando os espaços necessários às plantações representativas das 24 ordens de plantas de Carlos Lineu (botânico, zoólogo e médico sueco que classificou as espécies de seres vivos).

A reabilitação deste Jardim faz parte do projecto de recuperação dos Jardins e do Palácio Nacional de Queluz, inicialmente casa de Verão da Família Real e depois habitação permanente de 1794 até à partida para o Brasil, em 1807.

A inauguração acontece a 5 de Junho, às 16h00, numa cerimónia que contará com a presença da Secretária de Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, Célia Ramos.

 

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Saiba mais aqui sobre o Palácio Nacional de Queluz.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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