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Este cacto raro da Amazónia vai florir em directo, para quem quiser assistir

16.02.2021
Foto: Jardim Botânico da Universidade de Cambridge

Conhecido como flor-da-lua ou flor-do-luar, este cacto floresce apenas uma noite por ano, durante cerca de 12 horas. E desta vez, quem quiser pode acompanhar o momento.

Há já várias semanas que os botânicos da Universidade de Cambridge se preparam para assistir a um episódio que ficará para a história do jardim botânico desta universidade: a primeira vez que um cacto da espécie Selenicereus wittii vai florescer no Reino Unido.

Esta planta rara enrola-se em volta dos troncos de árvores e na natureza só pode ser encontrada nas florestas tropicais da bacia do rio Amazonas, descreve uma nota publicada pelo Jardim Botânico da Universidade de Cambridge, que adquiriu um exemplar em 2015.

“As suas flores brancas e nocturnas alcançam 27 centímetros de comprimento e emitem uma bonita fragrância doce quando florescem ao pôr-do-sol para atrair os seus polinizadores”, indica a mesma nota.

Foto: W. Barthlott, Bona

O momento vai ser partilhado em directo, por uma câmara estrategicamente colocada e ligada ao YouTube. E a equipa do jardim acredita que já não falta muito tempo, no máximo “apenas dois ou três dias”.

Polinizada em tempo recorde

Os dois polinizadores da flor-da-lua são mariposas com probóscides (línguas) extremamente longas, Cocytius cruentus e Amphimoena walkeri. Mas o tempo para cumprirem o seu papel de ajudarem este cacto a reproduzir-se é bastante curto. Duas horas depois de florir, o odor emitido pela flor-da-lua torna-se bastante menos atractivo. E quando chegar a altura de o sol nascer, a floração já terminou. Só dali a um ano é que o espectáculo se repete.

Como no jardim botânico em Cambridge não habitam as duas borboletas nocturnas que costumam polinizar esta flor, esse papel cai ser desempenhado por um pincel, explicaram os responsáveis da instituição, ouvidos pelo The Guardian.

“Estou muito entusiasmado por ver e partilhar esta floração incomum. É muito raro termos era planta na nossa colecção e acreditamos que é a primeira vez que uma flor-da-lua vai florescer no Reino Unido”, notou Alex Summers, supervisor da estufa do Jardim Botânico da Universidade de Cambridge, e responsável por cuidar desta espécie rara.

Summers percebeu no final de Novembro que estava a nascer uma flor no cacto que têm na Casa Tropical do jardim botânico, “o que foi uma sorte porque está quase a 12 pés (3,6 metros) de altura e poderia finalmente ter passado despercebido”, comentou. “Mas só recentemente aumentou radicalmente de tamanho, o que significa que a floração está eminente”, avisou.

Um cacto pouco comum

A espécie Selenicereus wittii é uma planta epífita, ou seja, depende de outras plantas para nelas se apoiar. E o caule deste cacto é diferentes do de muitos outros: é liso, suave e semelhante a uma folha, criando um padrão intrincado e em forma de remoinho à medida que rodeia o tronco da árvore hospedeira.

“Na floresta tropical amazónica, [a flor-da-lua] mantém esta posição acima das inundações sazonais do Amazonas e dos seus tributários”, explica o Jardim Botânico da Universidade de Cambridge. “Estas vias fluviais são importantes para a dispersão deste cacto uma vez que as suas sementes flutuam e isso permite-lhes serem transportadas para longe da planta-mãe para encontrarem outro tronco onde se alojem e possam crescer.”

A flor-da-lua deste jardim botânico foi adquirida em 2015 ao Jardim Botânico de Bona, na Alemanha, e colocada sobre o tronco de uma planta-do-dinheiro (Pachira aquatica) numa das estufas, conhecida como Casa Tropical.


Agora é a sua vez.

No dia em que a flor abrir, os responsáveis deste jardim botânico vão realizar um Facebook Live, durante o qual será possível ver a flor a ser polinizada e enviar questões. Saiba mais aqui.


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Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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