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Esta é a lista mais completa das aves do Algarve e Baixo Alentejo

29.03.2016

Pela primeira vez estão reunidas todas as 401 espécies de aves já observadas em estado selvagem no Algarve e Baixo Alentejo. Esta lista – que tem andorinhas, cegonhas, águias, pardais e muitas outras aves – ajuda quem anda à procura da natureza e acaba de ser publicada em livro.

 

É mais fácil conseguirmos observar aves selvagens na natureza se soubermos o que procurar, onde e quando. Gonçalo Elias, ornitólogo e responsável pelo portal Aves de Portugal, quis ajudar e publicou o livro Birds of the Algarve and Southern Alentejo: An Annotated Checklist, a 18 de Março.

São 401 as espécies que já foram observadas no Algarve e Baixo Alentejo, desde que existem registos e até ao final de Fevereiro de 2016. “Até agora, a informação estava dispersa. Não havia uma lista como esta para a região”, disse o autor à Wilder.

Em Janeiro de 2015, Gonçalo Elias publicou o livro Aves de Portugal Continental – Lista Anotada. Mas depois sentiu que havia uma procura de conhecimento especial para as espécies da zona Sul do país. “Desta vez, o livro destina-se a quem vem a Portugal ver aves. A maioria dessas pessoas vem directamente ao Algarve. E muitas delas incluem no seu roteiro uns dias no Alentejo para ver algumas espécies, como as estepárias (sisão, abetarda, grou)”, explicou.

Nesta lista anotada, cada espécie tem direito a uma série de informações cruciais, como o estatuto de conservação, a abundância, a distribuição, a época do ano em que pode ser observada e algumas curiosidades.

Para chegar a esta lista, Gonçalo Elias compilou toda a informação disponível e publicada por inúmeros observadores em livros, revistas e na Internet sobre a ocorrência destas espécies. A maioria dos registos é posterior a 1980, altura em que começaram a haver observações mais regulares naquela região.

Segundo o autor, 401 é um “número razoavelmente elevado de espécies mas convém não esquecer que entre 20 a 25% das espécies são acidentais, ou seja, ocorrem muito raramente”.

Ainda assim, este número“ não é estático, reflecte o conhecimento actual. O mais certo é vir a aumentar com o passar dos anos”. Além de ser fruto da nossa localização geográfica, este número depende do “grau de conhecimento sobre as aves e que tem aumentado nos últimos anos, com a subida do número de observadores.”

O livro – que se assume como um inventário de espécies e não como um guia de identificação – reúne aves que ocorrem em todos os tipos de habitats da região. Os principais são os ambientes aquáticos – zonas húmidas costeiras (como estuários), zonas húmidas de interior (como açudes e barragens) e mar (linha de costa) -, as zonas florestais (como os montados de azinho e sobreiro e pinhal), as zonas agrícolas, as zonas rupícolas (de escarpas, com arribas e falésias, tanto na costa como no interior), zonas urbanas e habitats de matos.

 

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Este livro, escrito em Inglês, apenas pode ser adquirido online:

Edição digital

Edição em papel aqui e aqui.

 

 

[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.

Não podíamos deixar de pedir a Gonçalo Elias uma lista das espécies que não pode deixar de observar nesta época do ano. Estas estão a chegar nas próximas semanas ao Sul do país. Será que as vai conseguir ver todas?

 

Esta é uma altura muito interessante porque há uma grande diversidade de espécies: as que ainda não se foram embora, as que estão a chegar e as que estão de passagem. Aqui ficam oito espécies a não perder:

Abelharuco (zonas agrícolas);

Cuco-canoro (zonas florestais);

Milhafre-preto (zonas agrícolas e florestais);

Cegonha-preta (zonas rupícolas);

Garça-vermelha (zonas de caniçais);

Perdiz-do-mar (zonas húmidas costeiras);

Cuco-rabilongo (zonas agrícolas e zonas húmidas de interior);

Borrelho-pequeno-de-coleira (zonas costeiras).

E, para terminar, um conselho útil. Se estiver no Algarve esteja atento ao tempo e à direcção do vento. Se se instalar uma corrente de Leste, vinda do estreito de Gibraltar, junto à costa pode encontrar um número mais elevado de migradores de passagem, como chascos, felosas, petinhas, rabirruivos-de-testa-branca, papa-moscas, etc. Estas aves, que viajam de África para a Europa, são empurradas pelos ventos e acabam no Algarve.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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