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Ilustração: Martim Quinta

Como desenhar um tubarão

19.04.2023

Martim Quinta, apaixonado pela ilustração científica, passa muito do seu tempo a desenhar animais marinhos. Muitos deles acabam de ser publicados no livro “Almada Atlântica, Mar da minha Terra”. Aqui deixa as suas dicas sobre como desenhar um tubarão.

WILDER: Por onde se começa a desenhar um tubarão?

Martim Quinta: Primeiro estabeleço um objetivo a alcançar com a ilustração. Se quero mostrar uma perspectiva de lado do tubarão, se quero mostrá-lo de frente, se quero apenas focar nas linhas que o delimitam ou também nos volumes, formas, cores e pormenores. 

Ilustração: Martim Quinta

W: Quais as fases de uma ilustração? 

Martim Quinta: Primeiro delimito um objetivo, como referi. Depois procuro por informação e referências fotográficas sobre o tubarão, a espécie a desenhar. Com as referências que melhor se adequam ao meu objetivo, desenho um esboço do animal, principalmente em linhas, em que traço todos os pormenores importantes. Passo o essencial desse esboço para uma folha de papel nova, onde sobre essas novas referências, começo o desenho final. Muitas vezes antes de começar faço estudos de cor com aguarelas, lápis de cor, ou gouache para perceber qual melhor se adequa ao que eu quero, no caso de querer um desenho a cores. No trabalho final, adiciono toda a informação que pretendo mostrar do animal, as cores, pormenores nas barbatanas, nos dentes, os volumes com sombras e brilhos. Um processo de algumas horas, ou alguns dias.

W: Quais as características de um tubarão a ilustrar? 

Martim Quinta: Há bastantes pormenores a ter em atenção no desenho destes animais. Desde as proporções e forma das barbatanas e corpo, que é fusiforme, até à cor e padrões destes, que em fotografias e mesmo ao vivo pode variar muito dependendo do meio em que estão. O número de fendas branquiais é importante, que na maioria são cinco, bem como a forma dos dentes, que também são diferentes de espécie para espécie. No caso dos tubarões ainda podemos especificar o sexo adicionando, ou não, os “claspers” (órgão copulador) na parte posterior das barbatanas pélvicas, tornando-se macho ou fêmea, respetivamente.

Ilustração: Martim Quinta

W: O que podemos fazer para tornar uma ilustração mais realista? 

Martim Quinta: Diria que as sombras e os brilhos são das coisas mais importantes e que se forem bem feitos e postos nos sítios certos tornam a ilustração mais realista possível. Por exemplo, fazer brilhos nos olhos e no dorso e sombras na parte ventral. No caso de um tubarão, desenhar alguns arranhões ou cicatrizes na pele ou nas barbatanas de interações com outros animais, também podem dar mais realidade ao desenho. 

W: Que técnicas aconselha?

Martim Quinta: Tudo depende daquilo que queremos mostrar. Grafites e tinta da China para desenhos a preto e branco e com ênfase nas formas, nos volumes do animal. Lápis de cor, aguarela entre outras, para desenhos com ênfase nas cores. Os grafites, por norma, são mais fáceis de dominar e talvez por isso sejam bons para iniciar. Com a aguarela, muitas vezes, é preciso treinar e estudar várias abordagens de modo a perceber como aplicá-la na ilustração.

Ilustração: Martim Quinta

Saiba mais.

Explore aqui a colecção de artigos sobre desenho de natureza publicados na Wilder.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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