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Foto: José Frade

Aves do Mês: o que ver em Abril

01.04.2023

Cinco aves a não perder em Abril, seleccionadas por Gonçalo Elias e fotografadas por José Frade. Saiba o que estão a fazer este mês, como identificá-las e onde procurá-las. Observar aves nunca foi tão fácil.

Eis o segundo artigo da série “Aves do Mês”. Tal como no mês passado, seleccionámos cinco espécies da avifauna portuguesa que poderá observar este mês e deixamos-lhe o desafio de observar cada uma delas.

Pardal-comum (Passer domesticus):

Pardal-comum. Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Com o início da época dos ninhos, os pardais já estão atarefados com a época de reprodução. Assim, se observarmos estas aves com atenção, não deverá ser difícil ver adultos a transportar material para o ninho – este está muitas vezes em cavidades de edifícios.

O vulgar pardal-comum, também chamado pardal-ladrão ou pardal-dos-telhados, é uma ave conhecida por quase toda a gente, dada a sua frequente associação aos meios humanizados. O macho tem a plumagem dominada por tons castanhos e cinzentos, destacando-se a coroa cinzenta e o babete preto. A fêmea é castanha e com um padrão menos contrastado. O bico é grosso e triangular, o que nos indica que esta é uma ave granívora.

Esta espécie, que ocorre em todo o país, aprendeu a conviver com o ser humano e por isso é habitual ver alguns pardais junto a habitações, seja em meio urbano (vilas e cidades), seja em ambientes rurais, nomeadamente junto a aldeias ou quintas. Os pardais pousam frequentemente nos telhados dos edifícios, mas passam muito tempo no solo, à procura de alimento.

Existem outras espécies de pardais em Portugal, mas de uma forma geral preferem locais mais longe das habitações humanas.

Onde ver: em qualquer cidade, vila ou aldeia.

Cuco-canoro (Cuculus canorus):

Cuco-canoro. Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: A maioria dos cucos chega ao nosso país na segunda metade de Março e no início de Abril. Por esta altura, os machos cantam com frequência, emitindo o seu característico “cu-cu”, que se pode ouvir em zonas florestadas, um pouco por todo o país.

Embora muito conhecido graças ao seu canto, o cuco-canoro é uma espécie difícil de ver, porque é esquivo e se mostra pouco. Contudo, por vezes os machos pousam à vista, para cantar. É uma ave de tamanho médio, com a plumagem predominantemente cinzenta, com um padrão barrado por baixo. A cauda é longa. 

Esta espécie aparece um pouco por todo o país. Geralmente encontra-se em zonas florestadas, como sejam pinhais, sobreirais ou carvalhais, mas aparece noutro tipo de bosques. Evita as zonas urbanas e, por isso, não é habitual ver cucos em vilas ou cidades.

Ao contrário da maioria das outras aves, o cuco-canoro não constrói ninho. Em vez disso, tem hábitos parasitas, o que significa que a fêmea deposita os ovos no ninho de outras espécies – os hospedeiros – nos quais delega a tarefa de cuidar dos jovens cucos. Entre as suas principais vítimas estão piscos, toutinegras, carriças, ferreirinhas e rouxinóis-pequenos-dos-caniços.

Onde ver: Miranda do Douro, serra da Estrela, serra do Caldeirão.

Milhafre-preto (Milvus migrans):

Milhafre-preto. Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Esta rapina migradora chega de África durante o mês de Março e dirige-se aos seus territórios. Em Abril formam-se os casais, sendo construído o ninho, que pode ser um reaproveitamento do ano anterior. É também neste mês que deverá acontecer a maioria das posturas.

O milhafre-preto é uma ave de rapina de aspecto castanho e que tem como característica mais distintiva a cauda bifurcada – este detalhe permite distingui-lo de todas as outras rapinas portuguesas, excepto do milhafre-real.

Trata-se de uma ave migradora, que passa o inverno em África e vem até ao nosso país para se reproduzir. Os seus ninhos são construídos em árvores de médio ou grande porte. Embora muitos casais nidifiquem isoladamente, conhecem-se vários casos de colónias, das quais a mais conhecida é a que existe no Choupal, perto de Coimbra.

Os milhafres são aves oportunistas e alimentam-se “daquilo que aparecer”. Eles sabem que as estradas são locais onde muitas vezes aparecem animais mortos (por atropelamento) e por isso não é raro vermos um milhafre a patrulhar uma estrada para trás e para diante, à procura de alguma refeição fácil. Também voam sobre as albufeiras, neste caso à procura de peixes mortos.

Onde ver: Choupal (Coimbra), várzea do Médio Tejo (zona de Torres Novas ou Golegã), planície de Évora.

Gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis):

Gaivota-de-patas-amarelas. Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Tal como a maioria das aves, em Abril estas gaivotas estão a dar início à época de reprodução, pelo que a maioria das aves se encontra nas imediações das colónias – estas situam-se em ilhas, na costa rochosa e em certas cidades do litoral. No entanto, alguns imaturos que não se reproduzem podem ser vistos noutros locais do país, como por exemplo em praias e portos de pesca.

A gaivota-de-patas-amarelas, também chamada gaivota-argêntea, é a mais numerosa das gaivotas que nidificam em Portugal. Os adultos são fáceis de identificar: cabeça branca, dorso prateado, asas também prateadas com a ponta preta e patas amarelas. O nome comum “de-patas-amarelas” pode, contudo, dar azo a confusões, uma vez que a vulgar gaivota-d’asa-escura, que nos visita no Outono e no Inverno, também tem as patas dessa cor. Os juvenis têm a plumagem acastanhada e as patas rosadas, sendo as cores de adulto adquiridas de forma gradual.

Tal como a maioria das outras gaivotas, esta é uma ave do litoral, que pode ser vista com facilidade ao longo da costa rochosa, em praias e até em portos de pesca. A maior colónia do país situa-se no arquipélago das Berlengas, onde nidificam vários milhares de casais.

A população deste arquipélago chegou a ser ainda maior do que é hoje, mas em meados dos anos 1990 teve início um programa de controlo populacional, tendo a população diminuído desde então. Por outro lado, após o início desse programa de controlo (ou, quem sabe, por causa dele), estas gaivotas começaram a nidificar em zonas urbanas e são hoje uma presença frequente em muitas cidades costeiras, fazendo ninhos nos telhados dos edifícios, para desespero de muitos habitantes.

Onde ver: Porto, Peniche, Sagres e muitos outros locais ao longo da orla costeira.

Fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis):

Fuinha-dos-juncos. Foto: José Frade

O que está a fazer em Abril: Os machos estão activamente a defender o seu território, passando assim uma grande parte do tempo a cantar. O canto, que faz lembrar um insecto, é emitido em voo e, por isso, nesta altura do ano a minúscula ave torna-se mais fácil de detectar.

A fuinha-dos-juncos é uma das aves mais pequenas da nossa fauna. Castanha, com o dorso riscado, o bico levemente curvado e a cauda arredondada, não é das aves mais difíceis de identificar. O problema é que este pequeno ser nem sempre se mostra, pois passa muito tempo escondido entre a erva alta.

Há, contudo, uma altura em que esta ave se torna, subitamente, muito conspícua: durante a época dos ninhos, os machos emitem incessantemente o seu canto. Este é composto por uma nota isolada, repetida a intervalos de um segundo em longas séries, formando assim uma sequência de sons iguais “zit… zit… zit…”. O timbre faz lembrar o som de um insecto. Como o canto é emitido em voo, a ave torna-se particularmente fácil de detectar.

Esta ave frequenta zonas sem árvores, com vegetação herbácea bem desenvolvida, como por exemplo pastagens, searas e até terrenos incultos ou baldios. Pode ver-se de norte a sul. Contudo, por ser uma espécie sensível ao frio, não aparece nas terras altas e por isso é raro vê-la em locais com altitude superior a 700 ou 800 metros.

Onde ver: Mindelo (Vila do Conde), Lezíria Grande (Vila Franca de Xira), Litoral do Algarve.


Agora é a sua vez.

Parta à descoberta destas espécies e envie as suas fotografias, com a data e a localidade, para o email [email protected]. No final do mês publicaremos uma galeria com as suas imagens e descobertas!

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