Dippy, com 26 metros de altura, é a primeira coisa que vê quem entra no Museu de História Natural de Londres. Ao pé desta réplica de dinossauro Diplodoco, que viveu há 150 milhões de anos, as pessoas que enchem a galeria nesta manhã de Outono parecem formigas.
Viemos ao museu fazer uma reportagem no Centro de Biodiversidade do Reino Unido Angela Marmont e, por isso, deixamos Dippy para trás.
Viramos à esquerda para um corredor forrado a painéis de madeira, passamos sem entrar pelas galerias dos dinossauros e dos mamíferos e chegamos ao Centro Darwin, onde os cientistas trabalham as colecções do museu. Descemos umas escadas e viramos à esquerda. E damos de caras com umas portas de vidro com borboletas, abelhas, flores, morcegos, aranhas e um pisco-de-peito-ruivo. Era aqui mesmo onde queríamos chegar. E Stuart Hine está cá para nos receber.
O director do Centro Angela Marmont passeia connosco por entre estantes cheias de livros, posters de natureza a forrar paredes – incluindo um das aves dos Açores –, mesas onde trabalham investigadores, sentados ao computador, até às gavetas com as colecções de fósseis.
Stuart Hine tem os óculos de ver ao perto apoiados na testa enquanto fala e só os põe para ler as etiquetas com os dados de cada fóssil. “As colecções mais utilizadas são as dos insectos e as dos fósseis”, diz-nos o naturalista ao abrir uma gaveta para tirar um dente de tubarão encontrado na costa Este de Inglaterra. Quando lhe perguntamos se as pessoas podem mexer nestes fósseis, olha para nós como se fosse preciso constatar o óbvio. “Claro! Apesar de, na maior parte das vezes, não precisarmos destes espécimes para identificar o que as pessoas encontraram, é simpático trazê-las aqui e conversar um pouco com elas.” Conta-nos que, quando as pessoas querem saber mais, é mais eficaz mostrar-lhes as colecções do que apenas dizer-lhes qual é a espécie que trouxeram. “São estas coisas que levam as pessoas a usar as colecções de História Natural. Sabem que podem vir aqui e usar estes espécimes para os seus próprios estudos. E não é apenas para investigações de topo; pode ser para uma situação tão simples como alguém que encontrou um fóssil na praia e quer saber o que é”.
Estes são espécimes que vieram da colecção principal do Museu de História Natural de Londres. “Queremos dar às pessoas o que temos de melhor. Estes espécimes não são aqueles que as colecções principais já não querem, por estarem em mau estado”, explica Stuart Hine.
Gostaríamos de abrir cada uma das gavetas dos fósseis, mas temos de seguir a visita. Stuart Hine vai buscar uma chave à sua secretária e abre uma porta ao fundo da sala. É onde está o herbário britânico de plantas. Há 6200 prateleiras cheias de folhas de herbário, com as plantas secas de cada espécie. A maioria tem mais de 100 anos.
“As pessoas que tiverem dúvidas quanto à planta que trazem podem vir aqui, com supervisão, e procurar no herbário”, acrescenta. Além disso, “o curador das plantas do Museu está sempre à mão para ajudar quem tenha problemas com a identificação.”
As estantes que guardam os insectos ficam do outro lado do corredor.
“Qualquer pessoa pode vir aqui. Se nunca usou nenhuma colecção de História Natural, nós mostramos como se faz.” Enquanto fala, o director do centro retira das prateleiras caixas com tampas de vidro com borboletas lá dentro. “Estas colecções deviam estar acessíveis a qualquer pessoa que tenha fins de investigação válidos. Tanto um académico de topo como alguém que viu um programa de televisão de Sir David Attenborough sobre borboletas e simplesmente quer saber mais sobre elas.”
Segundo Stuart Hine, “essa é parte da razão pela qual este museu foi construído, para que as pessoas compreendam o que fazemos”.
Enquanto guarda as caixas de borboletas comenta: “Esta é uma grande oportunidade para envolver as pessoas, para as inspirar. E tudo se resume a isto: garantir que haja tantos naturalistas amanhã quantos os que existem hoje”.
[divider type=”thin”]Agora que viu os bastidores, leia a entrevista a Stuart Hine aqui.