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Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

Comissão Europeia notifica Portugal para fazer mais contra pesca ilegal

20.06.2025

Portugal ainda não aplicou adequadamente as regras europeias para travar a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada, sublinha Bruxelas, que decidiu dar início a um procedimento de infração.

A Comissão Europeia enviou uma carta de notificação a Portugal para cumprir as regras referentes à pesca ilegal, não declarada e não regulamentada (pesca INN).

Na sua carta de notificação, a Comissão refere “deficiências estruturais na aplicação”, por parte de Portugal, do regime de certificação das capturas da UE [Regulamento (CE) n.º 1005/2008 do Conselho], que visa impedir a entrada de peixe proveniente da pesca INN no mercado da UE.

Bruxelas lembra que a pesca ilegal, não declarada e não regulamentada “prejudica as unidades populacionais de peixes, os habitats marinhos e as comunidades costeiras”.

“Apesar da política de tolerância zero da UE em relação à pesca INN (…), Portugal não procede à verificação sistemática da origem dos produtos da pesca provenientes de países terceiros, permitindo a entrada na UE de quantidades substanciais e de elevado valor, de peixe proveniente de pesca INN.”

Agora, Portugal tem um prazo de dois meses para responder e colmatar as deficiências identificadas pela Comissão. Na ausência de uma resposta satisfatória, a Comissão poderá decidir emitir um parecer fundamentado.

A decisão da Comissão Europeia já mereceu reação da organização Oceana Europa, que saudou a iniciativa de Bruxelas. “Durante demasiado tempo, o país fez vista grossa à sua responsabilidade de verificar as importações de pescado, permitindo que produtos do mar de origem potencialmente ilegal entrassem no mercado único e chegassem aos consumidores europeus”, comentou, em comunicado, Vera Coelho, vice-presidente adjunta da Oceana na Europa.

“Esta negligência põe em causa a política de “tolerância zero” da UE em relação à pesca ilegal, prejudica os pescadores que seguem as regras, e põe em risco os ecossistemas marinhos. A Comissão deve continuar a exigir que os Estados-Membros cumpram as suas responsabilidades para evitar que produtos do mar obtidos de forma ilegal cheguem ao nosso prato.” 

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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