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Dióxido de carbono está a abrandar crescimento dos recifes de coral

26.02.2016

Uma equipa de cientistas conseguiu provar que o dióxido de carbono que é libertado na atmosfera e absorvido pelos oceanos está a abrandar o prejudicar o crescimento dos recifes de coral, através de uma experiência realizada no mar, ao largo da Austrália.

 

O trabalho coordenado por Rebecca Albright e Ken Caldeira, da Carnegie Institution for Science, nos Estados Unidos, foi publicado esta semana na Nature.

Em causa estão os grandes volumes de dióxido de carbono que resultam da queima de carvão, petróleo e gás, por todo o mundo, e que são libertados para a atmosfera.  Ali transformam-se num gás com efeitos de estufa, que afecta também os oceanos.

“Ao longo do tempo, a maioria do dióxido de carbono na atmosfera é absorvida pelos oceanos, onde reage com a água do mar para formar um ácido que corrói os recifes de coral, os bivalves e outras espécies marinhas”, num processo conhecido por acidificação, resume um comunicado da Carnegie Institution for Science.

Até agora, os cientistas já se tinham apercebido do forte declínio dos recifes de coral ao longo das últimas décadas: são constituídos por carbonato de cálcio e o seu crescimento, conhecido por calcificação, tem-se tornado mais lento e difícil.

No entanto, tem sido complicado determinar quais são exactamente as principais causas. Seria a acidificação? Ou o aquecimento das águas? Ou a sobre-pesca? A poluição dos mares?

Esta equipa de investigadores manipulou a alcalinidade da água do mar que passa sobre um recife de corais ao largo da ilha australiana One Tree, na zona sul da Grande Barreira de Coral (Great Barrier Reef), baixando o nível de PH destas águas para valores próximos do que teria ocorrido na era da pré-industrialização. Conclusão: as taxas de calcificação dos corais tornaram-se superiores às que são registadas hoje em dia.

“O nosso trabalho forneceu a primeira prova evidente, de experiências realizadas em ecossistemas naturais, de que a acidificação dos oceanos já está a abrandar o crescimento dos recifes de coral”, alertou Rebecca Albright, durante uma apresentação das conclusões da pesquisa, esta semana.

Um dos grandes receios é que ainda durante este século, se nada for feito, os corais se comecem a dissolver.

“A única forma séria e duradoura de proteger os recifes de coral é fazendo grandes cortes nas emissões de dióxido de carbono”, avisou, por seu turno, Ken Caldeira. “Se não agirmos muito rapidamente, os recifes de coral – e tudo o que depende deles, incluindo a vida selvagem e as comunidades locais – não irão sobreviver até ao próximo século.”

 

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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