O Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) está a pedir aos agricultores para que identifiquem e informem dos ninhos de águia-caçadeira, espécie do qual já só restam 200 casais em Portugal, que encontrem antes das colheitas.
A águia-caçadeira (Circus pygargus), também conhecida como tartaranhão-caçador, é uma espécie que está reduzida a menos de 200 casais, segundo o primeiro censo nacional desta espécie cujos resultados foram revelados em Novembro passado.
A maioria dos casais faz os ninhos no solo, sobretudo em campos de cereais. Por isso, o ICNF considera “essencial que, caso localizem ninhos, os agricultores contactem o ICNF através das respetivas direções regionais”.
“Esta identificação é crucial para que o ICNF realize o resgate e salvamento de ovos e crias de águia-caçadeira”, lembra, em comunicado.
A águia-caçadeira ocorre enquanto reprodutora na Eurásia e Norte de África, desde a Península Ibérica e Marrocos, até cerca do paralelo 60, no sul da Sibéria e Ásia Norte-central. Inverna na África subsariana, principalmente no Sudão, Etiópia e Leste de África e também no subcontinente Indiano.
Em Portugal, a espécie surge como nidificante em especial na metade Este do país, nomeadamente nas planícies do Alentejo e nos planaltos serranos do centro-leste e norte.
A alteração das culturas e das práticas agrícolas e pecuárias da última década terão contribuído para o declínio acentuado da espécie, um fez que prejudicam os locais de nidificação e consequentemente o sucesso reprodutor.
Além da intervenção no habitat natural (in-situ), o programa de resgate e salvamento inclui também uma componente de conservação fora do ambiente natural (ex-situ), com a recolha dos ovos mais expostos a predação e outras ameaças.
O processo de incubação implica a monitorização constante da perda de peso de cada ovo a cada 48 horas, para serem incubados com a humidade adequada e assim maximizar o sucesso da operação. Após o nascimento, inicia-se a fase de alimentação das crias, que se realiza em ciclos de quatro a cinco refeições diárias, em ambiente climatizado.
Após os primeiros 15 dias, as crias são transferidas para uma jaula em meio natural, onde são ambientadas para posterior devolução à natureza (hacking).
Os juvenis são depois anilhados para identificação e reconhecimento dos exemplares libertados e são colocados emissores para que seja possível seguir as suas rotas migratórias até ao seu destino de inverno em África.