Uma equipa de investigadores estimou o tamanho do genoma de 50 espécies diferentes de gafanhotos, comprovando que estes não são necessariamente mais pequenos e menos complexos do que acontece em animais maiores.
O gafanhoto Bryodemella tuberculata, nativo da Europa Central e de Leste, é hoje muito difícil de encontrar nesta região, com excepção das margens de alguns rios nos Alpes, onde sobrevive apenas um pequeno número de populações da espécie. “Estes habitats ameaçados foram formados ao longo de milhares de anos de alterações constantes, através da dinâmica natural dos rios”, descreve em comunicado o LIB – Instituto de Leibniz para a Análise das Alterações na Biodiversidade.
Investigadores desta instituição, em conjunto com outros cientistas da Academia Checa das Ciências, estudaram 50 espécies diferentes de gafanhotos, grilos e saltões (ordem Orthoptera) para estimar o tamanho dos seus genomas, ou seja, do conjunto dos genes que formam a estrutura de ADN desses insectos. Entre estas, está o gafanhoto Bryodemella tuberculata, que a equipa concluiu ter o maior genoma de um insecto encontrado até hoje, com um tamanho sete vezes maior que o genoma humano. Os resultados foram publicados esta semana na revista científica PLOS ONE.
Oliver Hawlitschek, que está ligado à área de genética do LIB e é o primeiro autor do estudo agora publicado, considera que a adaptação deste gafanhoto “a condições ambientais variadas provocou uma diversidade genética e conduziu a tamanhos de genomas excepcionais”. Ainda assim, “comparando com os humanos, o tamanho do genoma não está necessariamente relacionado com o nível de complexidade de um organismo”, acrescentou, citado em comunicado.
Este foi o estudo mais recente entre vários esforços para medir o tamanho dos genomas de insectos, procurando compreender a evolução e história biogeográfica destes animais, mas até hoje ninguém descobriu porque é que os genomas de algumas espécies de gafanhotos são excepcionalmente grandes, notam os investigadores do LIB. A maioria dos genomas de insectos é muito mais pequena, como acontece com a mosca-da-fruta, que corresponde a um sexto do genoma humano.
Mesmo dentro de grupos de espécies, o tamanho dos genomas pode variar, mas os cientistas continuam a tentar entender quais são as razões para isso e como funcionam a arquitectura e o conteúdo dos genomas. Até hoje, só existe informação sobre tamanhos de genomas para 1345 espécies, entre mais de 1 milhão que são conhecidas. Os maiores genomas têm sido encontrados em gafanhotos e grilos.