Mais de uma centena de voluntários removeram no último Verão mais de 10.000 exemplares de espécimes de peixes exóticos na Ribeira do Vascão, no Alentejo, anunciou hoje a Liga para a Protecção da Natureza (LPN).
Em causa está o projecto LIFE Saramugo (Julho de 2014 a Janeiro de 2018), coordenado por esta associação, que envolve várias medidas de conservação do saramugo (Anaecypris hispanica) do seu habitat. O saramugo é o peixe de água doce mais ameaçado em Portugal e também o mais pequeno, com apena sete centímetros de comprimento.
Durante dois meses e meio, entre Julho e Setembro, a equipa da LPN ligada ao projecto deslocou-se à Ribeira do Vascão três dias por semana, para realizar a remoção das espécies exóticas. Esta ribeira “é uma das mais bem preservadas do Sul do País e um dos últimos refúgios do saramugo”, nota a associação.
Ao mesmo tempo, decorreu uma campanha de voluntariado lançada a nível nacional, “à qual aderiram mais de uma centena de voluntários vindos de vários pontos do país”, adianta a LPN. A estes juntaram-se ainda duas instituições de apoio a jovens em risco, sediadas em Castro Verde.
Recorrendo a redes de arrasto, os técnicos e os voluntários realizaram um total de 97 acções de remoção, que somaram mais de 10.000 exemplares removidos, entre os quais percas-sol (Lepomis gibbosus), chanchitos (Cichlasoma facetum) e achigãs (Micropterus salmoides).
Os voluntários tiveram ainda contacto com outras espécies de peixes nativas além do saramugo, como a boga-do-guadiana (Chondrostoma willkommii), a cumba (Barbos comizo), o barbo-de-cabeça-pequena (Barbos microcephalus) e o escalo (Squalius pyrenaicus).
A LPN pretende voltar a lançar a mesma iniciativa no próximo ano.
A introdução de espécies exóticas de peixes no Alentejo, no âmbito da pesca desportiva, pode ser também um dos factores que estão a provocar a deslocação de várias espécies de garças mais para Norte, refere um relatório recentemente divulgado.