Uma colónia com sete ninhos de grifo (Gyps fulvus) foi descoberta na Serra da Malcata, quase a meio caminho entre as duas maiores populações de grifos em Portugal, revelou a Rewilding Portugal.
Este é, segundo a Rewilding Portugal, “um bom indicador da recuperação gradual das aves necrófagas nesta região do país”.
A colónia foi descoberta por Pedro Ribeiro, técnico de campo responsável pela monitorização de aves necrófagas da Rewilding Portugal.
“Durante o trabalho de campo identifiquei alguns grifos pousados num pequeno afloramento rochoso, a mais de um quilómetro de distância. Pelo comportamento das aves e pela quantidade de dejetos nas pedras, suspeitei que estivesse a olhar para uma colónia. Semanas depois conseguimos confirmar um total de sete ninhos ocupados e, por isso, uma nova colónia reprodutora”, contou, em comunicado, Pedro Ribeiro.
Esta colónia agora descoberta na Serra da Malcata está localizada quase a meio caminho entre as duas maiores populações de grifos em Portugal. Pode ser, assim, “uma importante ponte entre as colónias do Tejo Internacional e do Douro Internacional, o que nos demonstra que a população continua a crescer e a fixar-se em novos locais”, segundo a organização.
A descoberta desta colónia de grifos surge meses depois de a Rewilding Portugal ter confirmado a existência de uma colónia de abutre-preto (Aegypius monachus) com sucesso reprodutor de vários casais na Reserva Natural da Serra da Malcata. “Esta foi na altura uma excelente notícia para uma espécie que está ainda criticamente ameaçada em Portugal e da qual apenas se conhecem cerca de 40 casais, a maior parte deles distribuídos em duas colónias principais no Parque Natural do Tejo Internacional e no Alentejo.”
Os grifos estão em expansão em Portugal e na Europa. “Embora estejam classificados como Quase Ameaçados em Portugal, nos últimos anos os seus números têm aumentado substancialmente, ocupando agora cada vez mais fragas pelas regiões Norte e Centro de Portugal, competindo por espaço com outras aves do nosso território como as águias-reais, os bufos-reais e as cegonhas-pretas.”
“Com o aumento destas aves, veremos um ecossistema mais funcional e com um ciclo de vida novamente completo, onde carcaças de animais mortos são limpas numa questão de horas, diminuindo por isso a disseminação de doenças. Um dia, quem sabe, estas aves terão o seu papel completamente restituído, beneficiando a economia portuguesa, com os serviços de ecossistema que prestam através da limpeza de cadáveres e também por serem um atrativo para o turismo de natureza.”
A Rewilding Portugal continuará a acompanhar atentamente no terreno a evolução do estado das aves necrófagas no Grande Vale do Côa.