Melros, rouxinóis, chapins. Estamos numa época excelente para ouvir o canto das aves canoras. Descubra como cantam algumas das espécies que se fazem ouvir por estes dias.
Nas ruas da cidade, em parques e jardins, em terrenos agrícolas e em florestas, por estes dias as aves fazem-se ouvir ao longo do dia – ou não estivessem elas em plena época de reprodução. São os machos que defendem territórios e tentam atrair as fêmeas.
À medida que Maio se aproxima, muitas das aves residentes, que permanecem em Portugal todo o ano, já estão a trabalhar para uma segunda postura de ovos, nota Gonçalo Elias, coordenador do portal Aves de Portugal. Entretanto, já chegaram muitas espécies que só cá vêm passar a época de reprodução, “como o cuco-canoro, o papa-figos e o rouxinol”.
E por isso, esta é “uma altura excelente para reconhecermos os cantos das aves canoras”, afirma este ornitólogo. “É um bocadinho como se cada ave falasse uma língua diferente e nós fossemos aprender a reconhecer cada uma dessas línguas.”
Fica então aqui o desafio. Ouça o cantar destas 12 espécies de aves canoras e na próxima vez que sair de casa, esteja atento e tente identificar que “línguas” se estão a ouvir. É viciante.
1. Melro (Turdus merula)
Tanto nas cidades como no campo, os machos da espécie, de penugem preta e olhos com uma auréola amarelada, são uma presença comum. Por esta altura, podemos vê-los muitas vezes empoleirados em antenas e telhados, enquanto cantam alto e bom som.
2. Chapim-real (Parus major)
Segundo o portal Aves de Portugal, o chapim-real é “relativamente abundante em zonas florestadas de todo o género, desde pinhais e montados até olivais e matas ribeirinhas e também em parques e jardins”. Pode ver-se de norte a sul de Portugal Continental. O canto desta ave pode confundir-se com o do chapim-carvoeiro, que costuma ser mais acelerado.
3. Chapim-carvoeiro (Periparus ater)
Este pequeno chapim também fica por cá todo o ano e pode ver-se especialmente em zonas de pinheiro-bravo, mas também em zonas urbanas. É “localmente comum nas zonas do Litoral Norte e Centro”, adianta o portal Aves de Portugal.
4. Chapim-azul (Cyanistes caeruleus)
Outra pequena ave da mesma família que o chapim-real e o chapim-carvoeiro, o chapim-azul está presente um pouco por todo o lado em Portugal Continental.
5. Tentilhão (Fringilla coelebs)
Muito comum em matas e florestas, o tentilhão começa logo a cantar bem cedinho pela manhã, “sendo particularmente comum em alguns locais da metade sul do território.”
6. Chamariz ou milheirinha (Serinus serinus)
Gonçalo Elias descreve o voo nupcial do chamariz, na época de reprodução, como “semelhante a uma borboleta”. Esta espécie pode ver-se um pouco por todo o lado em Portugal Continental, excepto nas planícies abertas do Baixo Alentejo. O canto é praticamente inconfundível, pois faz lembrar um rádio dessintonizado.
7. Cuco-canoro (Cuculus canorus)
Cu-cu, cu-cu, cu-cu. Nesta época do ano, estas aves estivais em Portugal Continental, onde são sobretudo observados de Março a Julho, já chegaram. O seu canto ouve-se especialmente “em zonas florestadas, perto de galerias rípicolas, nas imediações de pauis, montados, bosques, evitando as zonas de altitude, os matos densos e as zonas fortemente urbanizadas”, explica o portal Aves de Portugal.
8. Rouxinol-comum (Luscinia megarhynchos)
O canto do rouxinol é bastante variado, mas é a melhor forma de identificar esta ave estival, que se faz ouvir sobretudo durante a noite e prefere esconder-se na vegetação. É bastante comum em Portugal, sobretudo no Interior Norte e Centro, Litoral Sul e nalgumas partes do Algarve.
9. Fuinha-dos-juncos (Cisticola juncidis)
Pip, pip, pip, pip… A primeira vez que ouvir o canto de um macho de fuinha-dos-juncos, que parece saltitar no ar enquanto voa e canta a um ritmo sempre igual, será dificil esquecer-se de como é. Esta minúscula ave insectívora “é
bastante comum em habitats óptimos, nomeadamente searas, pastagens de erva alta, charnecas e baldios” e “pode ser encontrada com facilidade, mesmo em terrenos abandonados situados em zonas fortemente humanizadas”. É menos comum na maior parte da Beira Alta e no Nordeste Transmontano.
10. Poupa (Upupa epops)
Esta ave com uma poupa muito característica é abundante e pode ver-se e ouvir-se sobretudo em zonas florestais pouco densas e próximo de campos agrícolas. No sul de Portugal Continental pode ver-se durante todo o ano, mas na metade norte é mais comum na Primavera e no Verão. O canto lembra um pouco o do cuco.
11. Papa-figos (Oriolus oriolus)
Lembra uma ave tropical devido às cores muito vivas, mas na verdade o papa-figos pode ser observado de norte a sul de Portugal Continental, em especial nas zonas do Interior. Gonçalo Elias lembra que chegam a Portugal Continental “no final de Abril” e por aqui ficam até aos primeiros dias de Julho.
12. Trigueirão (Emberiza calandra)
Esta ave pode ver-se por todo o Portugal Continental, excepto no Litotal Norte e Centro, mas é no Alentejo que é mais comum. “É especialmente numeroso em pastagens, searas, montados abertos e paisagens em mosaico”, descreve o Aves de Portugal. Na Primavera, “os machos repetem o seu canto vezes sem conta.”
Saiba mais.
Recorde também estas cinco aves que se podem ouvir em jardins nesta época do ano.
Se quiser aprender mais sobre como distinguir as diferentes espécies, ouça o webinar “Reconhecer as Aves pelo Canto”, no Youtube.
E este sábado, dia 23 de Abril, poderá também assistir a um webinar do especialista Magnus Robb sobre como gravar os sons das aves.