Guimarães volta a participar este ano no Nature City Challenge, iniciativa em que cidades de todo o mundo competem pelo registo do maior número de espécies selvagens. A competição decorrerá entre 29 de Abril e 2 de Maio.
Este ano são 446 as cidades que se organizam para procurar, registar e identificar as suas espécies de animais, plantas e fungos.
Guimarães volta a ser a única cidade portuguesa a participar, coordenada pelo Laboratório da Paisagem de Guimarães, centro de Investigação e Educação que resulta de uma parceria entre a Câmara Municipal de Guimarães, a Universidade do Minho e Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Ainda que as iniciativas que estão a ser preparadas junto da população ainda não tenham sido divulgadas, Ana Pinheira, do Laboratório da Paisagem de Guimarães adiantou à Wilder que estão previstos “vários bioblitz em busca da fauna e flora do concelho”. Mas, acrescentou, essas iniciativas “serão lançadas brevemente nas redes sociais do Laboratório da Paisagem”.
Lançado em 2016 enquanto um esforço colaborativo entre a Academia de Ciências da Califórnia e o Museu de História Natural de Los Angeles, o City Nature Challenge cresceu de uma competição amigável entre duas cidades e tornou-se num evento internacional que hoje abarca seis continentes.
O primeiro City Nature Challenge registou 20.000 observações no estado norte-americano da Califórnia. Em 2021, cientistas de todo o mundo reuniram um recorde de 1.270.000 observações de mais de 400 cidades em 44 países. Incluindo Portugal.
A cidade de Guimarães participou pela primeira vez em 2018 e foi a primeira cidade portuguesa a aderir ao desafio. Desde então tem participado todos os anos. Em 2021 foi a única cidade portuguesa a juntar-se ao concurso de cidades em busca da vida selvagem urbana. Entre 30 de Abril e 3 de Maio, 80 pessoas registaram cerca de 500 observações de mais de 300 espécies diferentes em Guimarães, no âmbito deste desafio.
“Este ano esperamos que o número de observações e registos de espécies novas sejam superiores ao ano anterior assim como o número de participantes no desafio”, comentou Ana Pinheira.
A comunidade pode participar utilizando a aplicação Biodiversity GO! contribuindo para a base de dados da biodiversidade de Guimarães. “Se não souberem de que espécie se trata, os investigadores no Laboratório da Paisagem farão a identificação e posterior submissão na plataforma mundial do City Nature Challenge“, acrescentou a responsável.
A participação da comunidade este ano no desafio será um contributo ainda mais importante pois será “um apoio não só para a base de dados da biodiversidade de Guimarães como também para projeto Plano de Ação da Biodiversidade de Guimarães”.
Este projecto conta com diversas acções de inventariação e monitorização da biodiversidade do concelho e acções formações para a comunidade. “O objetivo é mapear as espécies em todo o território vimaranense envolvendo, formando e participando a comunidade para conservar, proteger e monitorizar a biodiversidade em Guimarães”, explicou Ana Pinheira. “Além da componente de ciência-cidadã, o projeto também conta com uma vertente técnica, de investigação, onde foram selecionados 12 unidades de amostragem representativas do concelho para se identificar e inventariar vários grupos de espécies, como aves, mamíferos, insetos (odonatas e borboletas), répteis e anfíbios.”
Nos últimos seis anos, as observações feitas durante o City Nature Challenge ajudaram os cientistas a detectar padrões nas mudanças na biodiversidade a uma escala global e local.
“Estamos muito entusiasmados por ver o que pessoas de todo o mundo irão registar durante o City Nature Challenge deste ano”, comentou Alison Young, co-directora de Ciência comunitária na Academia de Ciências da Califórnia e co-fundadora do evento.