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Atum-rabilho com quase três metros detectado pela primeira vez em Sesimbra

08.03.2022
Atum-rabilho. Foto: D.R.

Um atum-rabilho (Thunnus thynnus) com quase três metros foi detectado pela primeira vez em Sesimbra, nas águas da reserva marinha Luiz Saldanha, revelou hoje o Centro de Ciências do Mar do Algarve (CCMAR-Algarve) da Universidade do Algarve.

Este atum-rabilho “frequentou as águas da reserva marinha Luiz Saldanha, junto à serra da Arrábida, no início de agosto de 2021, por onde andou durante quase uma semana”, informa o CCMAR-Algarve num comunicado enviado hoje à Wilder.

Registos de peixes destas dimensões “são pouco habituais, sendo esta o primeiro naquela área”, comentou David Abecassis, investigador do CCMAR-Algarve e da Universidade do Algarve. Além disso, acrescentou, são um “ótimo contributo para o estudo desta espécie e das suas migrações”. 

O registo deste animal foi conseguido graças a uma rede de monitorização de investigadores daquele Centro.

Ao longo dos anos, vários projectos do CCMAR instalaram uma rede de monitorização que regista a passagem de animais marcados ao longo da costa portuguesa desde Sesimbra até Vila Real de Santo António.

Os dados são registados e gravados quando o animal passa no alcance dos recetores submarinos, mas apenas podem ser acedidos quando os aparelhos são fisicamente recolhidos o que acontece “duas vezes por ano” e posteriormente tratados.

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Foto: Danilo Cedrone/Wiki Commons

O atum-rabilho registado em Sesimbra tinha sido marcado pela equipa de Barbara Block (da Universidade norte-americana de Stanford) em Setembro de 2018 no golfo de St. Lawrence, no leste do Canadá. Na altura media 2,55 metros.

Nessa ocasião foi também colocado um marcador num outro atum com 2,34 metros que foi já detetado em Julho de 2020 e em Junho de 2021 na costa algarvia e em Julho de 2021 no Estreito de Gibraltar.

David Abecassis sublinhou que estes registos confirmam a importância destas redes de monitorização, como a European Tracking Network – cuja missão é seguir os animais aquáticos através da Europa para melhor os compreender e proteger -, para o conhecimento global dos mares e a partilha de informação entre especialistas de várias instituições mundiais.

O atum-rabilho do Atlântico vive no Oceano Atlântico, no Mediterrâneo e no Mar Negro movendo-se em cardumes e fazendo grandes migrações para alimentação e reprodução.

Actualmente, as populações de atum-rabilho do Atlântico estão classificadas como Em Perigo de extinção pela União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN).

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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