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Andrena ramosus. Foto: D.R.

Descoberta nova espécie de abelha para a Ciência em Doñana, na Andaluzia

28.01.2022

A Andrena ramosa foi encontrada durante um censo à diversidade de abelhas na região de Doñana, na Andaluzia, Sul de Espanha, que decorreu entre 2015 e 2021. O artigo foi publicado a 26 de Janeiro na revista Belgian Journal of Entomology.

A Península Ibérica é rica em espécies de abelhas por ter um clima predominantemente mediterrânico e com grande diversidade de habitats. Uma dessas áreas ricas em diversidade de habitats é Doñana, no Sudoeste de Espanha. Ali, um mosaico de habitats permite uma grande diversidade florística, tornando Doñana numa área única para a diversidade de abelhas, explica a equipa de investigadores responsáveis por esta descoberta, composta por Francisco Molina e Ignasi Bartolomeu (da Estação Biológica de Doñana, EBD-CSIC) e por Thomas J. Wood, do Laboratório de Zoologia da Universidade de Mons, Bélgica.

Hoje são conhecidas em todo o mundo mais de 1.600 espécies de abelhas do género Andrena.

Mas este ainda é um grupo pouco trabalhado nas listas locais de abelhas. Os investigadores explicam esta situação com “a complexidade taxonómica do género, a sua dificuldade de identificação, a falta de fontes de identificação e o conhecimento incompleto de faunas locais para muitas áreas no Sul da Europa”.

Os censos às abelhas de Doñana foram realizados entre 2015 e 2021. Durante esse período foram encontradas 51 espécies de abelhas do género Andrena, incluindo uma nova para a Ciência, a Andrena ramosa, uma abelha solitária.

Andrena ramosus. Foto: D.R.

Neste estudo, os investigadores elaboraram uma lista das espécies do género Andrena que ocorrem nas áreas protegidas da região de Doñana.

A área de estudo cobriu 230 mil hectares e inclui o Parque Nacional de Doñana e o Parque Natural que o rodeia.

A colheita de espécimes de abelhas aconteceu, nomeadamente em Almonte, Aznalcázar, Bonares, Hinojos, Moguer, La Puebla del Río e Villamanrique de la Condesa. Estas zonas são matos mediterrâneos sobre zonas arenosas e a interface com pinhais e zonas húmidas.

A nova espécie foi recolhida no seu período de voo, em Março, em Aznalcázar, numa planta hospedeira, uma abrótea (Asphodelus ramosus). Foi recolhida uma fêmea, que tinha 12 milímetros de comprimento.

Foi designada “ramosus” por ter sido observada na sua planta hospedeiro, Asphodelus ramosus, que cresce nos solos arenosos em redor de Aznalcázar. “Ramosus” também significa ramificado, em referência aos pêlos que fazem lembrar penas desta abelha.

Surpreendentemente, esta abelha é semelhante ao subgénero Planiandrena da Ásia Central, com quatro espécies distribuídas no Cazaquistão, Uzbequistão e Turquemenistão. E surpreendentemente também, “este taxa mostra poucas semelhanças com a fauna Andrena do Mediterrâneo ocidental”, salientam os investigadores.

Isto só revela o quanto ainda há por descobrir e por saber sobre as abelhas deste género na Península Ibérica.

Por isso, os investigadores salientam a riqueza da fauna de Doñana e pedem “mais censos dirigidos a abelhas para documentar completamente a diversidade de abelhas no Sul da Europa”.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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