Conheça algumas espécies que podemos observar por estes dias num passeio em meio urbano, sugeridas por Susana Gonçalves, investigadora ligada à Universidade de Coimbra.
Os cogumelos são a parte visível de organismos muito maiores, os fungos, e desde sempre despertam a nossa curiosidade. Estão quase sempre associados ao Outono e a dias húmidos e não muito frios.
Susana Gonçalves, investigadora e comunicadora na área dos fungos e coordenadora do projecto “Cogumelos na Cidade” – uma iniciativa de ciência cidadã na zona de Coimbra – lembra que em meio urbano a maioria dos cogumelos são “espécies cosmopolitas”, que podem ser encontradas em muitos locais diferentes.
“Pela relativa uniformidade de habitats urbanos que encontramos em todo o mundo, os cogumelos mais comuns nas cidades pertencem geralmente a espécies cosmopolitas e não são representativos dos habitats naturais na região geográfica em que a cidade se insere”, disse à Wilder.
No entanto, quando numa cidade é possível encontrar “áreas naturais ou seminaturais, mesmo isoladas”, há também espaço para cogumelos típicos dos habitats naturais. É isso que acontece em Coimbra: “Temos um grupo de espécies comuns, mais ou menos cosmopolitas, e depois aparecem espécies mediterrânicas associadas a pequenas bolsas reminmiscentes de floresta nativa que existem dentro do perímetro urbano.”
O Inverno é “especialmente bom” para as espécies gelatinosas e para os fungos Ascomycota, adianta Susana Gonçalves, que sugere seis cogumelos que já foram observados em Coimbra neste época do ano – no âmbito do projecto Cogumelos na Cidade – mas que podem ser encontrados no resto do país.
1. Cogumelo Tremella mesenterica
Este fungo pertence ao grupo dos Basidiomycota gelatinosos e é normalmente encontrado em madeira morta, mas ainda agarrada à árvore, ou em ramos recentemente caídos. Em inglês tem nomes comuns variados, como “cérebro amarelo” (‘yellow brain’) ou “manteiga-das-bruxas” (‘witches butter’), devido ao seu aspecto. É uma espécie cosmopolita que pode ser encontrada em regiões temperadas e tropicais por quase todo o mundo.
2. Cogumelo Helvella crispa
Devido ao curioso formato que tem, este cogumelo do grupo dos Ascomycota é por vezes chamado de orelha-de-gato. “É muito comum em Dezembro, costumo dizer que anuncia o Inverno”, indica Susana Gonçalves. Trata-se de um saprófito, ou seja, alimenta-se de matéria orgânica em decomposição, e é mais frequente em bosques de folhosas. Pode ser encontrado na Europa, na metade leste da América do Norte, e já foi também registado na China e no Japão.
3. Cogumelo Helvella macropus
Igualmente do Filo dos Ascomycota, um dos grandes grupos em que se divide o reino dos fungos, este cogumelo pertence também ao mesmo género dos cogumelos orelha-de-gato, o género Helvella. O Helvella macropus pode ser observado em vários pontos do Hemisfério Norte, nomeadamente na Europa e na América do Norte e Central. Já foi registado também na China e no Japão.
4. Cogumelo Helvella solitaria
Este cogumelo pertence ao mesmo Filo (Ascomycota) e género (Helvella) dos dois anteriores. Em inglês, os fungos Helvella são conhecidos como “fungos-sela” (‘saddle fungus’) devido ao formato que alguns assumem.
5. Cogumelo Sarcoscypha sp.
As espécies do género Sarcoscypha assemelham-se normalmente a um cálice de cores vivas e podem ser encontradas em países europeus, mas também na América do Norte e numa parte da Ásia. A parte do chapéu reveste-se de uma cor escarlate (como na imagem) em duas espécies de Sarcoscypha, impossíveis de distinguir uma da outra apenas através da observação: os cogumelos Sarcoscypha coccinea e Sarcoscypha austriaca.
6. Cogumelo Scutellinia sp.
Tal como os cogumelos anteriores, o género Scutellinia agrupa essencialmente espécies cosmopolitas, que podem ser observadas em diferentes locais do mundo. Está bastante espalhado pelo Hemisfério Norte. Em inglês os cogumelos deste grupo, com algumas dezenas de espécies, são também chamados de “fungo-de-pestanas” (‘eyelash fungus’), devido ao formato dos pêlos que algumas espécies apresentam.
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