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flamingos no meio de um curso de água
Flamingos. Foto: Andrea Schaffer/Wiki Commons

Mais de 600 flamingos anilhados na maior lagoa da Andaluzia

14.08.2015

Cerca de 450 pessoas vindas de toda a Espanha ajudaram a anilhar mais de 600 crias de flamingos (Phoenicopterus roseus) na Reserva Natural Laguna de Fuente la Piedra, em Málaga, no sábado passado. Esta anilhagem já é uma tradição há 29 anos.

 

Os voluntários juntaram-se a cientistas, anilhadores e conservacionistas para ajudara a anilhar as aves. O objectivo é “seguir cada indivíduo e estudar diferentes aspectos da biologia desta espécie”, explica a Junta da Andaluzia em comunicado.

As crias foram capturadas na madrugada de sexta-feira para sábado. Os voluntários foram encarregados de levar os flamingos para os seis postos médicos montados na lagoa. Aqui, cada ave foi marcada com uma anilha de metal na pata direita e outra de plástico na pata esquerda. As anilhas de plástico permitem identificar as aves à distância, sem ser preciso capturá-las.

Depois foram medidas as asas, o bico e o tarso (parte da pata), registado o peso e recolhidas amostras. Por fim, as aves foram sendo libertadas pelas mãos dos voluntários, que as levavam nos braços e pousavam no chão para as deixar seguir livremente.

Todo este processo demorou cerca de quatro horas.

Em 2015, a colónia de flamingos desta reserva natural é o principal núcleo reprodutor do Mediterrâneo Ocidental e do Noroeste de África, com 15.000 casais. O total de crias chega às 13.025.

Há já 29 anos que se faz a anilhagem de flamingos em Fuente Piedra. No primeiro ano, em 1986, foram marcados 17.173 flamingos. Ao longo do tempo, “este tornou-se num dos acontecimentos mais importantes de voluntariado ambiental”, salienta a Junta da Andaluzia. Entre os voluntários estiveram 120 moradores de Fuente de Piedra.

“A informação obtida é imprescindível para a correcta gestão desta colónia e para avaliar o uso que a espécie faz da rede de zonas húmidas andaluzes”, acrescenta.

Loli Castellanas, voluntária que veio de Madrid de propósito, disse à agência espanhola EFE que esta é uma experiência que “merece a pena viver”. Apesar de se ter levantado às quatro da manhã. “Não faz mal madrugar porque ficas com uma experiência onde cabe a natureza, o convívio e o trabalho em equipa”, acrescentou.

O flamingo não nidifica em Portugal. No final dos anos 80 foi registada uma tentativa de nidificação nos sapais de Castro Marim, mas sem sucesso. Depois, outro caso de nidificação da espécie foi anunciado em Maio de 2010, na Lagoa dos Salgados, no Algarve, entre os concelhos de Albufeira e Silves. Um observador de aves encontrou dois ninhos e avisou a Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (Spea). Depois de a associação lá ter ido, confirmou a nidificação. Mas não houve crias.

Em Portugal, a espécie pode ser observada durante todo o ano, nas zonas húmidas litorais desde o estuário do Tejo até ao Algarve. Procura águas pouco profundas ou lamas entre-marés. A maioria dos indivíduos vem das colónias de Espanha, nomeadamente de Fuente Piedra e do Delta do Ebro, e do Sul de França (Camargue). Estima-se que 7.500 flamingos passem o Inverno em Portugal, segundo o livro “Aves de Portugal” (2010). Os locais mais importantes são os estuários do Tejo, do Sado, a Ria Formosa e a Reserva Natural de Castro Marim.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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