A gaivota-de-audouin (Larus audouinii), uma das gaivotas mais ameaçadas, fez este ano 4.300 ninhos nas dunas da ilha da Barreta, no Parque Natural da Ria Formosa, revelou o ICNF.
Depois de porem os ovos em meados de Abril, as gaivotas-de-audouin estarão por estes dias a terminar a sua temporada de reprodução.
Em Portugal, esta espécie nidifica no Algarve, na Ria Formosa, apesar de centenas ou milhares de indivíduos passarem todos os anos pela região nas suas migrações pós-nupciais. O seu estatuto de conservação no nosso país é Vulnerável.
Em Junho, o Centro de Estudos de Migrações e Protecção de Aves (CEMPA) do Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) – apoiado por vigilantes da natureza do Parque Natural da Ria Formosa, pela Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) e por voluntários – fez a monitorização e anilhagem de exemplares de gaivota-de-audouin na colónia das dunas da ilha da Barreta, também conhecida como ilha Deserta, no Parque Natural da Ria Formosa.
Este ano foram contabilizados 4.300 ninhos, quando em 2012 – ano do primeiro censo à espécie – tinham sido contados apenas 400, revelou o ICNF.
A colónia da ilha da Barreta foi identificada pela primeira vez em 2008 por um grupo de pescadores. Dois anos depois, em 2010, começou o programa de marcação das aves com anilhas de cor. Nesse ano foram marcadas 100 gaivotas juvenis; no segundo ano, 200. Até hoje já foram anilhadas cerca de 2.700 gaivotas. Destas, cerca de 900 já voltaram a ser observadas em oito países.
Segundo o ICNF, o aumento da população reprodutora de Portugal “pode estar directamente relacionado com a baixa taxa de sobrevivência de juvenis na maior colónia de reprodução, no Delta do Ebro, o que é corroborado pelo facto de se terem detectado aves marcadas oriundas dessa colónia”.
A gaivota-de-audouin é uma ave migratória que se reproduz quase em exclusivo na bacia do Mediterrâneo. Durante o Inverno, esta espécie migra para a costa Norte e Oeste de África.
Segundo o portal Aves de Portugal, esta é uma “gaivota mais pequena que as congéneres gaivota-argêntea e gaivota-d’asa-escura, embora maior que um guincho“.
“Em plumagem adulta, apresenta um padrão cinzento-prateado algo esbatido no dorso e parte superior das asas, o que faz com que a tonalidade geral da ave seja pálida. As patas são verde-escuras ou cinzento-esverdeado e o bico vermelho com uma risca preta junto à ponta do mesmo. O olho escuro confere-lhe um ar ‘simpático’. Os juvenis apresentam a típica plumagem sarapintada de castanho das gaivotas, distinguindo-se das restantes pela mancha branca em forma de U do uropígio.”