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Jacinto-de-água. Foto: Michael Gaylard/Wiki Commons

Ajude a encontrar (e a combater) estas nove plantas invasoras

12.10.2020

No âmbito da 1ª Semana Nacional sobre Espécies Invasoras, que se realiza até 18 de Outubro, a Wilder pediu ajuda à equipa do Invasoras.pt e ajuda-o a reconhecer nove plantas exóticas invasoras em Portugal.

Em Portugal há actualmente muitas centenas de espécies de plantas exóticas, que chegaram ao território nacional vindas de outros países e continentes. Destas, o Decreto-Lei 92/2019, publicado em Julho do ano passado, identifica mais de 200 espécies de plantas como exóticas invasoras em Portugal Continental e na Madeira, uma vez que são uma ameaça séria para os ecossistemas. Nos Açores, a lista de invasoras está num diploma publicado em 2012.

Em que é que essas listas se traduzem? Quanto a estas espécies, a lei portuguesa proíbe a sua detenção, criação, cultivo e comercialização.

O desafio da 1ª Semana Nacional sobre Espécies Invasoras (SNEI) é ajudar a divulgar este problema, considerado a quinta maior ameaça à biodiversidade a nível mundial, e ensinar às pessoas o que podem fazer. Uma das grandes prioridades, por exemplo, é saber onde se encontram as espécies invasoras, com a ajuda de todos os cidadãos.

Aqui ficam nove espécies de plantas invasoras sugeridas por Elizabete Marchante e Hélia Marchante, ligadas à plataforma Invasoras.pt e à organização da SNEI. O desafio é aprender mais sobre cada uma e pelo menos colaborar no mapeamento destas espécies, que por esta altura do ano estão mais visíveis em Portugal:

1. Erva-das-Pampas (Cortaderia selloana)

Foto: Hélia Marchante

As grandes plumas são o sinal mais claro de que se está perante uma erva-das-pampas. “Cresce vigorosamente e forma aglomerados densos que dominam a vegetação herbácea e arbustiva, criam barreiras à circulação da fauna e utiliza os recursos disponíveis para outras espécies”, avisa o site Invasoras.pt, que lembra que as “folhas cortantes” desta planta “podem limitar a utilização de áreas invadidas”.

Tal como o nome sugere, é nativa do Chile e Argentina (parte tropical da América do Sul). Em Portugal Continental pode ver-se em quase todas as regiões e também já chegou aos Açores (ilha de São Miguel).

Tanto em Portugal como Espanha, há um projecto co-financiado por fundos comunitários que visa lutar contra a erva-das-pampas, o LIFE+ Stop Cortaderia, que decorre até 2022.

2. Jacinto-de-água (Eichhornia crassipes)

Foto: ShahadatHossain/Wiki Commons

As flores lilases vistosas que ainda será possível ver por estes dias não chegam para distrair dos danos provocados pelo jacinto-de-água, uma planta aquática nativa da Bacia Amazónica, na América do Sul.

Em Portugal forma autênticos tapetes que podem cobrir totalmente a superfície de cursos e lagos de água doce. Desta forma, “diminui a qualidade da água, a biodiversidade (fauna e flora aquáticas), a luz disponível e o fluxo de água, e aumenta a eutrofização”, explica o site Invasoras.pt. O jacinto-de-água já chegou aos cursos de água de várias regiões portuguesas, incluindo Minho, Estremadura e Alto Alentejo, e também aos Açores.

3. Bons-dias (Ipomoea indica)

Foto: G.dallorto/Wiki Commons

 Por estes dias, grandes flores azuladas destacam-se entre as folhas da bons-dias, trepadeira originária da zona tropical da América do Sul, Ásia e Havai.

Apesar do bonito nome, “forma tapetes impenetráveis que cobrem árvores, arbustos e outras espécies provocando a sua morte, e impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa.” Em Portugal ocorre por todo o lado, excepto na Beira Alta e Beira Baixa, e incluindo todas as ilhas dos Açores e a ilha da Madeira.

4. Conteira (Hedychium gardnerianum)

É uma invasora mais conhecida dos habitantes das Ilhas, pois está por todos os Açores e também na ilha da Madeira, mas também podemos vê-la na Beira Litoral e Estremadura. Nesta época do ano, é possível que algumas conteiras ainda exibam as grandes flores amarelas e muito aromáticas, o que ajuda a identificá-las. Em Portugal, “o crescimento rápido leva à formação de áreas densas impenetráveis que impedem o desenvolvimento da vegetação nativa”, explica o site Invasoras.pt, sobre esta espécie nativa da Índia, zona leste dos Himalaias e Nepal.

5. Falsa-árvore-do-incenso (Pittosporum undulatum)

Foto: Invasoras.pt

Nativa do sudoeste da Austrália, esta é outra invasora mais espalhada pelas ilhas dos Açores e ilha da Madeira do que pelo Continente, onde também já pode ver-se na Estremadura, Beira Litoral e Beira Alta. Os frutos vistosos, de cor laranja, ajudam a reconhecer este arbusto ou árvore. Os povoados densos que forma e as toxinas das folhas impedem o desenvolvimento de outras espécies.

6. Sanguinária-do-Japão  (Fallopia japonica)

Foto: Joanna Boisse/Wiki Commons

Esta planta de flores brancas e pequeninas, proveniente do Japão, Coreia e China, está presente principalmente no norte do país, onde surge em margens de linhas de água, áreas degradadas e naturais.

É uma “espécie ALERTA” dentro do projecto Invasoras.pt, pois há urgência no seu mapeamento, uma vez que se está a espalhar rapidamente. Impede a regeneração de plantas nativas e prejudica os animais que não estão preparados para utilizar esta planta.

Se quiser saber mais sobre esta planta, assista a este workshop online.

7. Tintureira (Phytolacca americana)

Foto: AnRo0002/Wiki Commons

Os frutos redondos que ficam pretos quando estão maduros e os raminhos avermelhados ajudam a reconhecer a tintureira,  uma erva de grande porte que pode chegar aos três metros.

Vinda da América do Norte, chegou a Portugal para fins medicinais e para ser usada em tinturaria, mas tornou-se invasora e “impede o desenvolvimento da vegeação nativa”. Hoje em dia pode ver-se em todas as regiões, excepto no Baixo Alentejo.

8. Mimosa (Acacia dealbata)

Foto: DavidFrancis34/Wiki Commons

Por estes dias, esta árvore nativa do Sudeste da Austrália e Tasmânia “começa a ter gemas florais, o que lhe dá um ‘ar mais prateado'”, descrevem Hélia e Elizabete Marchante. Ou seja, começam a formar-se os botões das futuras flores amarelas.

Começou por ser cultivada para fixar os solos e como espécie florestal, mas hoje invade terrenos por todo o Portugal Continental e na ilha da Madeira.

É apontada como “uma das piores espécies invasoras em ecossistemas terrestres em Portugal Continental.” “Forma povoamentos muito densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa, diminuindo o fluxo das linhas de água e agravando alguns problemas de erosão.” Provoca também a alteração dos solos, entre outros efeitos negativos.

9. Espanta-lobos (Ailanthus altissima)

Foto: AnRo0002/Wiki Commons

As folhas que começam a amarelecer com a chegada do Outono dão-lhe “um aspecto amarelo e verde”. Proveniente da China, começou a ser plantada em espaços urbanos e à beira das estradas, como árvore ornamental. Mas hoje, espalhou-se por todas as regiões portuguesas, incluindo Açores e Madeira.

“É uma das espécies invasoras mais agressivas em Portugal Continental”, salienta o site Invasoras.pt. Com “impactes nos ecossistemas”, “pode formar povoamentos densos impedindo o desenvolvimento da vegetação nativa” e tem “efeitos alelopáticos” – tal como a mimosa e outras invasoras – “impedindo o desenvolvimento de outras espécies.”

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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