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fêmea de tartaranhão-azulado em voo
Fêmea de tartaranhão-azulado (Circus cyaneus). Foto: Rob Zweers/Wiki Comuns

Ornitólogos espanhóis marcam 49 aves migradoras com GPS

19.08.2020

Este ano, o programa Migra da Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife) marcou 49 aves migradoras de cinco espécies com dispositivos GPS para conhecer os seus movimentos pelo mundo.

 

Entre as espécies marcadas este ano, numa campanha de captura e marcação onde participaram mais de 100 pessoas, estão o tartaranhão-azulado (Circus cyaneus) e o milhafre-real (Milvus milvus), ambas espécies que em Portugal têm as suas populações residentes Criticamente Em Perigo de extinção.

 

fêmea de tartaranhão-azulado em voo
Fêmea de tartaranhão-azulado (Circus cyaneus). Foto: Rob Zweers/Wiki Comuns

 

Desde o início do programa Migra, em 2011, já foram marcadas 1.151 aves de 33 espécies diferentes, como por exemplo a águia-imperial-ibérica (Aquila adalberti), o abutre-preto (Aegypius monachus), a cegonha-branca (Ciconia ciconia) e a cegonha-preta (Ciconia nigra).

O grande objectivo é conhecer os movimentos migratórios das aves de Espanha, através destes dispositivos móveis de seguimento remoto, com 10 gramas de peso. Assim é possível “saber onde se encontram as aves diariamente, mais especificamente quais as suas rotas migratórias e zonas de descanso durante as viagens, quais as zonas de invernada e de alimentação durante a época de reprodução”, explica a SEO/Birdlife em comunicado divulgado esta segunda-feira.

A conservação das aves migradoras, que atravessam dezenas de países durante a sua vida, apenas é possível através a cooperação internacional, defende a SEO/Birdlife. Para isso, acrescenta, é fundamental conhecer onde se encontra cada espécie em cada momento do ano.

 

Cegonha-branca. Foto: Matthias Barby/Wiki Commons

 

Além disso, recorda, as aves migradoras são excelentes bioindicadores da saúde do planeta, uma vez que a sua trajectória migratória é afectada pelas alterações climáticas.

No caso do tartaranhão-azulado e do milhafre-real, os ornitólogos acreditavam que as populações espanholas eram sedentárias e que os reprodutores estavam sempre nos seus territórios.

Mas foram observados muitos milhafres-reais a realizar movimentos migratórios de curta ou média distância até outras zonas de invernada ou a fazer outros movimentos durante o Inverno. Por isso, afinal não estão sempre perto dos seus ninhos.

Da mesma maneira, alguns tartaranhões-azulados permanecem nos seus territórios todo o ano, mas uma parte significativa da população desloca-se durante o Inverno para outras zonas, algumas até centenas de quilómetros dos seus ninhos.

Por isso, os peritos espanhóis defendem que é necessário conservar e gerir, para estas espécies, não apenas as zonas onde se reproduzem, mas também as zonas onde passam o resto do ano, dado que não são sedentárias como se pensava.

 

abutre em voo
Abutre-preto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

 

“As aves migratórias não conhecem fronteiras e por isso a sua conservação futura depende de proteger as zonas onde se encontram em cada momento do ano, dentro e fora das nossas fronteiras”, comentou  Ana Bermejo, coordenadora do programa Migra.

Das 1.151 aves marcadas desde o início deste programa, 692 aves de 32 espécies já forneceram informação considerada útil.

O programa Migra conta com mais de 350 colaboradores de 50 entidades em Espanha e no estrangeiro.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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