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abutre em voo
Abutre-preto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Conheça estas sete grandes aves que habitam o Douro Internacional

08.05.2019

A região do Douro Internacional, dos dois lados da fronteira luso-espanhola, é um sítio de excelência para ver aves de rapina e abutres que procuram refúgio nas arribas escavadas pelo rio e no planalto mirandês.

Com a ajuda de Rui Machado e Julieta Costa, da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, conheça 7 aves emblemáticas que pode observar nesta época do ano, quando muitas estão a cuidar das crias nascidas há pouco. Aqui, num pequeno território, encontra várias espécies que partilham o espaço das falésias para fazerem ninho.

E se for ao ObservArribas – Festival Ibérico de Natureza das Arribas do Douro, de 31 de Maio a 2 de Junho, em Miranda do Douro, pode inscrever-se em passeios guiados por toda a região e ter ajuda especializada na busca destas e de outras aves.

1.Abutre-do-Egipto (Neophron percnopterus)

britango frente a um buraco numa arriba
Abutre-do-Egipto nas arribas do Douro. Foto: LIFE Rupis

Também conhecido por britango, o abutre-do-Egipto é o mais pequeno dos abutres em Portugal. É também o que mais quilómetros voa todos os anos, entre o Norte da Península Ibérica e a o sul do deserto do Saara, onde passa os meses mais frios. Nesta época do ano, é nas arribas do Douro Internacional que pode encontrar muitas destas aves nos ninhos, onde cuidam das crias que só começarão a voar no final de Junho. É aqui, aliás, que se concentra o maior núcleo da espécie em Portugal. Estima-se que há cerca de 120 casais de abutres-do-Egipto dos dois lados do Douro, que marca a fronteira luso-espanhola na região. Também poderá ver estas aves num dos campos de alimentação para aves necrófagas. Está prevista uma visita ao campo de Lamoso, concelho de Mogadouro, no âmbito do festival ObservArribas, dia 1 de Junho.

2.Águia-perdigueira (Aquila fasciata)

duas águias no ninho
Duas águias-perdigueiras no ninho. Foto: Lalo Ventoso/Wiki Commons

É no troço fronteiriço do Douro que podemos encontrar o núcleo mais importante desta ave de rapina no Norte de Portugal: cerca de 13 ou 14 casais estimados, adianta Julieta Costa. A águia-perdigueira ou águia-de-Bonelli é a mais pequena e discreta das grandes águias portuguesas. No Douro, faz ninho nas escarpas que ladeiam o rio. Deve o seu nome (“perdigueira”) ao facto de caçar outras aves em pleno voo para se alimentar, como pombos e perdizes. Tal como o abutre-do-Egipto, é uma das espécies-alvo do projecto de conservação luso-espanhol Life Rupis, coordenado pela SPEA, que se realiza nesta região.

3.Grifo (Gyps fulvus)

Grifo de pé numa rocha, de asas abertas
Grifo. Foto: Emiliya_Toncheva/Wikimedia Commons

“Quando os dias começam a aquecer, os grifos vêem-se com facilidade”, explica Julieta Costa. “Com mais expressão para norte do rio Douro, podemos ver grupos destas aves por todo o lado.” O melhor horário será a partir das 9h00, no Verão, ou então a partir das 12h em dias mais frios. Nesta altura do ano podem ver-se muitos grifos nos ninhos, instalados nas escarpas. Outra opção é observá-los nos campos de alimentação próprios para aves necrófagas, onde podem ser vistos na companhia de outras aves, como os abutres-do-Egipto.

4.Cegonha-preta (Ciconia nigra)

Cegonha-preta. Foto: Frank Vassen/Wiki Commons

Muito mais difícil de encontrar do que a cegonha-branca, a cegonha-preta está classificada como Vulnerável no Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal (2005), devido ao “reduzido número de indivíduos”. Está presente em várias regiões, sendo mais abundante na bacia do rio Tejo. Nas escarpas do Douro há cerca de duas dezenas de cegonhas-pretas que aqui fazem ninho, pelo que são mais fáceis de observar durante um cruzeiro fluvial, em especial na zona central do Parque Natural do Douro Internacional. “Estamos na época de nidificação, pelo que já devem ter pequenas crias. São extremamente sensíveis à perturbação, pelo que os barcos não se podem aproximar muito”, avisa a responsável da SPEA.

5.Abutre-preto (Aegypius monachus)

abutre-preto em voo
Abutre-preto. Foto: Artemy Voikhansky/Wiki Commons

Este é o maior dos abutres que ocorrem em Portugal, onde há três núcleos populacionais, sendo o do Tejo Internacional o mais importante. No Douro Internacional há hoje dois casais reprodutores, um dos quais nidificou pela primeira vez este ano, aproveitando um dos ninhos artificiais instalados no âmbito do projecto Life Rupis. Pode ser que tenha a sorte de os avistar. Ao contrário de outras grandes aves que habitam o Douro, esta espécie costuma fazer os ninhos em cima de grandes árvores e não nas arribas. Se tudo correr bem, espera-se que dentro de alguns anos haja uma colónia de abutres-pretos na região, com vários casais.

6.Águia-real (Aquila chrysaetos):

Águia-real. Foto: Kevin/Pixabay

Esta é a maior águia de Portugal, com uma envergadura de asas que pode chegar aos 2,25 metros. Está classificada como Em Perigo de extinção em Portugal, mas Julieta Costa adianta que “há muitos casais de águia-real na região do Douro” e que a espécie está hoje “em expansão”. É territorial, tal como a águia-perdigueira, com a qual compete. Faz ninho nas falésias e é “bastante maleável”, pois tanto caça como se alimenta de carne morta nos campos dedicados às aves necrófagas. Na mesma região, pode observar ainda outras espécies de águias, como a águia-cobreira e a águia-calçada, entre outras.

7.Milhafre-preto (Milvus migrans):

Milhafre-preto. Foto: Creepanta/Wiki Commons

“Caçador, pescador, necrófago e oportunista.” É assim que o portal Aves de Portugal descreve esta espécie de milhafre, que é migratória e pode ser vista em Portugal de Março a Agosto. Isto ao contrário do milhafre-real, com o qual se pode confundir, mas que é bastante mais fácil de observar no Inverno. O falcão-peregrino e o tartaranhão-caçador, este último associado às zonas de searas, são outras aves de rapina que pode observar nesta região do Interior Norte.

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Não são só as grandes aves que seduzem os visitantes da região do Douro Internacional. Entre espécies mais pequenas mas igualmente interessantes para os ‘birdwatchers’, não deixe de procurar o chasco-preto, a gralha-de-bico-vermelho e a toutinegra-real, aconselham Rui Machado e Julieta Costa.

E se estiver interessado em conhecer o festival ObservArribas, até porque esta será a última edição no âmbito do projecto Life Rupis, recorde cinco razões para ir a Miranda do Douro no final deste mês.

Inês Sequeira

Foi com a vontade de decifrar o que me rodeia e de “traduzir” o mundo que me formei como jornalista e que estou, desde 2022, a fazer um mestrado em Comunicação de Ciência pela Universidade Nova. Comecei a trabalhar em 1998 na secção de Economia do jornal Público, onde estive 14 anos. Fui também colaboradora do Jornal de Negócios e da Lusa. Juntamente com a Helena Geraldes e a Joana Bourgard, ajudei em 2015 a fundar a Wilder, onde finalmente me sinto como “peixe na água”. Aqui escrevo sobre plantas, animais, espécies comuns e raras, descobertas científicas, projectos de conservação, políticas ambientais e pessoas apaixonadas por natureza. Aprendo e partilho algo novo todos os dias.

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