O borrelho-de-coleira-interrompida (Charadrius alexandrinus) foi eleita a Ave do Ano 2019 em Espanha, anunciou hoje a Sociedade Espanhola de Ornitologia (SEO/Birdlife).
A espécie “competia” com o tartaranhão-caçador (Circus pygargus) e com o picanço-real (Lanius meridionalis) numa votação aberta ao público, lançada pela SEO/Birdlife para escolher a ave do ano.
A votação recebeu, no total, mais de 146.000 votos, segundo a agência espanhola de notícias EuropaPress. O borrelho-de-coleira-interrompida teve 35,48% dos votos (51.879 votos). Em segundo lugar ficou o tartaranhão-caçador, com 33,50% (48.990 votos) e em terceiro lugar o picanço-real com 31% (45.330 votos).
Esta votação – que, no ano passado, elegeu a coruja-das-torres (Tyto alba) como a Ave do Ano 2018 – realiza-se anualmente há mais de 30 anos.
A escolha foi revelada hoje pela directora-executiva da SEO/Birdlife, Asunción Ruiz, que anunciou novas acções de conservação e sensibilização dedicadas à espécie ao longo de 2019.
Concretamente, será coordenada uma metodologia de trabalho homogénea para o estudo desta ave, será feita a vigilância e protecção dos ninhos, bem como censos e estimativas populacionais, gestão da vegetação e jornadas e conferências de divulgação. A organização não governamental espanhola prevê também iniciar negociações com entidades públicas e privadas para melhorar a coexistência com estas aves, reavaliar o estatuto actual de ameaça, exigir às administrações planos de conservação quando sejam necessários e a cooperação com outras entidades para a recuperação de velhas salinas.
Segundo Ruiz, o facto de os cidadãos terem escolhido o borrelho-de-coleira-interrompida “é uma excelente oportunidade para tomar consciência das ameaças que pesam sobre os habitats costeiros e zonas húmidas salinas do interior, terrivelmente castigados pela urbanização descontrolada, o turismo de massas, a poluição e o esgotamento dos recursos hídricos”, citou a EuropaPress.
Esta é a primeira vez que Espanha escolhe uma ave limícola como Ave do Ano. É uma espécie ligada a praias, zonas húmidas, ambientes interdunares e lagoas interiores e está classificada como Vulnerável no Livro Vermelho das Aves de Espanha.
As ameaças são numerosas e, em algumas áreas, as populações de borrelho-de-coleira-interrompida registaram declínios de 70% na última década. A SEO/Birdlife estima que, no total, a população da Europa oscilará entre os 23.000 e os 41.000 casais; em Espanha haverá entre 2.500 e 6.000 casais.
A SEO/Birdlife salienta, entre as ameaças, o turismo massificado, especialmente na época de reprodução, a construção descontrolada no litoral, a limpeza mecânica das praias (que pode destruir os restos de algas marinhas onde habitam os invertebrados dos quais se alimenta esta ave) e o abandono das salinas tradicionais.
Em Portugal, esta é uma espécie residente e migradora que ocorre ao longo de todo o litoral. Segundo o livro “Aves de Portugal – Ornitologia do território continental” (2010), o borrelho-de-coleira-interrompida vive, principalmente, em estuários, rias com salinas e nas praias com dunas.
Não se sabe ao certo qual a dimensão da população nidificante em Portugal mas será, pelo menos, de 1.000 casais.
[divider type=”thick”]Saiba mais.
Conheça aqui a história de Pim, Pam, Pum, três crias de borrelho-de-coleira-interrompida.
[divider type=”thick”]Agora é a sua vez.
Descubra aqui onde pode observar mais facilmente o borrelho-de-coleira-interrompida em território português, no portal Aves de Portugal.
[divider type=”thick”]Precisamos de pedir-lhe um pequeno favor…
Se gosta daquilo que fazemos, agora já pode ajudar a Wilder. Adquira a ilustração “Menina observadora de aves” e contribua para o jornalismo de natureza. Saiba como aqui.