Filipe Miranda, Simão Fernandes e Manuel Garcia começaram agora a percorrer toda a Estrada Nacional 2 (EN2) de bicicleta, cerca de 738 quilómetros, enquanto vão plantando árvores autóctones pelo caminho. À Wilder, contaram o que pretendem com este projecto.
O ‘tiro de partida’ deu-se esta quinta-feira logo ao início da manhã, ainda o sol seguia baixinho, na rotunda de Chaves, em Trás-os-Montes. Os três ciclistas amadores têm pela frente um longo caminho, que querem percorrer ao longo da Estrada Nacional 2 até à próxima segunda-feira, 8 de Outubro, quando contam chegar a Faro.
Chamaram ao seu projecto ‘Plantar Portugal em Bicicleta”, pois alia duas paixões que partilham, o ciclismo e a natureza. Ao mesmo tempo que querem conhecer a baixa velocidade “a maior estrada de Portugal e uma das maiores estradas históricas da Europa” – como descrevem a EN2 em comunicado – também vão “plantar árvores ao longo do percurso”.
“Procuramos assim promover de forma simbólica a reflorestação das áreas ardidas no ano passado”, sublinham.
Um dos objectivos da viagem, explicaram os três à Wilder, é “conhecer melhor que árvores caracterizam” a paisagem portuguesa. “Somos entusiastas apenas, mas temos consciência de que percorrendo longitudinalmente o nosso país, seria de esperar encontrar várias espécies de carvalho, nomeadamente carvalho cerquinho, negral, sobreiro e azinheira.”
No entanto, ressalvam, “em muitas dessas zonas impera o eucalipto que particularmente agora surge de forma desordenada”.
Filipe Miranda, Simão Fernandes e Manuel Garcia não deixaram a preparação deste aspecto do percurso em mãos alheias. Para um conhecimento técnico mais adequado, falaram primeiro com o Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, que os aconselhou a entrarem em contacto com os gabinetes técnicos florestais dos municípios onde pretendiam plantar.
Do terreno para as redes sociais
Depois dos contactos feitos e do plano delineado, vai seguir-se por estes dias o contacto com o terreno, que prometem relatar através das redes sociais – como é o caso da página do projecto no Facebook.
“Estamos agora expectantes de estar pessoalmente com as pessoas que estão no terreno e conhecem a floresta, aprender mais sobre a vegetação nativa e partilhar essa experiência nas redes sociais com os nossos familiares, amigos e seguidores.”
E como a iniciativa tem um carácter simbólico, os três pretendem plantar cada um uma árvore, em cada uma das etapas da viagem, sempre com o apoio dos respectivos municípios. Castro de Aire (distrito de Viseu), o ponto final da primeira etapa, quinta-feira, vai ser o destino da primeira plantação. Outros locais eleitos são Vila de Rei (no centro geodésico de Portugal), São Brás de Alportel (entre a serra e o barrocal algarvios) e Ferreira do Alentejo (distrito de Beja).
“Vamos também fazer um ligeiro desvio de seis quilómetros para plantar entre Castanheira de Pêra e Pedrógão Grande, com o apoio da Médicos do Mundo”, adiantam os ciclistas. “A Médicos do Mundo tem feito um trabalho extraordinário com o seu projecto Missão Esperança na zona de Castanheira de Pêra, uma das mais afectadas pelos incêndios do ano passado.”
Além de conhecerem melhor a natureza e a floresta, ao percorrerem a EN2 ao ritmo das duas rodas, estes três portugueses esperam “ter um retrato único do nosso país, pela paisagem, pela cultura, pelas pessoas”, até porque partilham também o interesse pessoal e profissional pelo cinema e fotografia. Dos planos faz parte, aliás, criarem um pequeno filme ou documentário que retrate a experiência que vão ter durante a viagem.
Além da promoção da conservação da natureza e da floresta, “tema incontornável” depois da devastação dos fogos do ano passado, o projecto “Plantar Portugal em Bicicleta” quer ainda contribuir para o reconhecimento da EN2 como estrada património e “apelar a uma vida activa, que integre o desporto de uma forma saudável.”
[divider type=”thin”]Saiba mais.
Siga o projecto “Plantar Portugal em Bicicleta” no Facebook e no Instagram.
E conheça melhor cada um destes três ciclistas, a partir do auto-retrato que escreveram na página do projecto, no Facebook:
Filipe Miranda:
“Nasceu no início da década de 80, fascinado pelo desenho animado e pela fotografia em movimento. Cineasta de profissão, abriu a sua produtora de imagem e procura transformar ideias em histórias de filmes.
Aos 5 anos aprendeu a nadar o que o levou a descobrir a paixão pelos desportos náuticos, e a respeitar o meio ambiente.
Gosta de partilhar a sua paixão por explorar a natureza com os seus filhos e de ter sempre consigo uma máquina de fotografia.
Explorou o Nepal onde percorreu o trilho no Vale dos Annapurnas até ascender ao campo base. Valoriza a cultura de cada local e procura no contacto com cada comunidade, conhecer os seus valores.”
Simão Fernandes:
“Formado em engenharia informática; ex sedentário.
Em 2013 inicia-se na prática de corrida nos trilhos. Desde 2014 que faz as suas deslocações pendulares de bicicleta independentemente da distância ou das condições climatéricas e em 2015 o ciclismo de competição (amador) começa a ter um papel mais sério no dia-a-dia.
Adepto de mobilidade sustentável e inteligente, participa em várias acções de consciencialização com o objectivo de promover estas práticas.
Nascido e criado no campo, é um ecologista consciente de que é necessário fazer passar a mensagem de que é importante cada um ter o papel de proteger a natureza e os seus recursos.”
Manuel Garcia:
“Motion designer de profissão é apaixonado por animação e imagem em movimento.
Pratica desporto desde que se lembra de preferência em contacto com a natureza.
Nos últimos anos tem-se dedicado à corrida em trilhos na sua vertente de longa distância.
Completou algumas ultramaratonas de 3 dígitos (100Km ou mais) sendo a mais emblemática o Ultra Trail du Mont Blanc (UTMB).
Os treinos durante a semana são feitos nas deslocações casa/trabalho, normalmente em bicicleta e por vezes a correr.
Vive na cidade mas sabe distinguir um pintassilgo de um pardal. Gosta de saber o nome das plantas que encontra pelo campo e é entusiasta da cultura popular portuguesa.”