O bútio-vespeiro esteve um ano no CERVAS (Centro de Ecologia, Recuperação e Vigilância de Animais Selvagens) para recuperar de uma fractura na asa, causada por um tiro. Foi libertada na sexta-feira passada em Gouveia (distrito da Guarda).
Os bútios-vespeiros (Pernis apivorus), também conhecidos como falcões-abelheiros, são aves de rapina de médio porte, com uma envergadura de asa de cerca de 130 centímetros. Devem o seu nome ao facto de alimentarem as crias sobretudo com ninhos, larvas e adultos de vespas e abelhas, segundo o livro “Aves de Portugal” (Assírio & Alvim, 2010).
Passam os Invernos em África e ficam no nosso país durante a Primavera e o Verão. São uma espécie estival e um migrador de passagem raro a pouco comum.
Foi precisamente no final do Verão do ano passado que este bútio-vespeiro deu entrada no CERVAS “com uma fractura numa das asas, provocada por um tiro”, segundo uma nota deste centro veterinário para cuidados de animais selvagens em Gouveia.
Seguiu-se um “longo processo de recuperação”, que consistiu no tratamento da fractura, treino de voo, muda de penas e socialização com outra ave da mesma espécie (este bútio-vespeiro tinha ingressado no CERVAS em Setembro de 2017 também com uma fractura numa das asas, provocada por um tiro. Foi devolvido à natureza a 3 de Junho em Freixo da Serra, Gouveia).
Na sexta-feira passada, o bútio-vespeiro foi libertado no Curral do Negro, em Gouveia. “A devolução à natureza decorreu num local onde o bútio-vespeiro ocorre regularmente e numa época em que esta espécie ainda está presente no nosso território, ainda a tempo de poder cumprir a sua migração para África”, explica o CERVAS.
Estas aves de rapina começam a partir para o continente africano entre o final de Agosto e o início de Setembro, sendo possível vê-las nas zonas de Sagres, cabo Espichel, Lagoa de Santo André e no estuário do Alvor, por exemplo.