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Garajau-comum. Foto: Andy Reago & Chrissy McClarren/Wiki Commons

O que fazer na Primavera: visitar uma colónia de aves marinhas

24.04.2018

Portugal tem colónias de aves marinhas de importância europeia e mundial. Observar centenas de garajaus, cagarras, roques-de-castro ou almas-negras é uma das melhores experiências de vida selvagem. Aqui ficam três colónias que pode visitar.

 

Ouvir o som de centenas de aves marinhas e apreciar os seus voos exímios entre o mar e os ninhos em escarpas ou saliências nas rochas são experiências a não perder.

E agora é uma excelente altura para uma visita. Isto porque as aves marinhas trocam o oceano pela terra com um objectivo muito claro: reproduzir-se. Nesta época do ano juntam-se em colónias de milhares de indivíduos.

Estas colónias portuguesas são muito relevantes na Europa e no mundo.

Segundo Joana Andrade, coordenadora do Departamento de Conservação Marinha da Spea (Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves), Portugal tem 85% da população nidificante de cagarra (Calonectris borealis), a maior ave marinha nidificante em Portugal. Todos os anos, cerca de 30.000 indivíduos juntam-se para nidificar na colónia das Selvagens, na Madeira. Esta é a maior colónia conhecida desta espécie.

“Até recentemente, as Berlengas eram consideradas o limite a Norte de nidificação da espécie. Mas entretanto foi registada a nidificação de algumas cagarras na Galiza”, contou à Wilder.

As Selvagens são extremamente importantes para outra ave marinha, o calca-mar (Pelagodroma marina). Quase toda a população europeia desta espécie nidifica nas Selvagens.

Além disso, Portugal tem espécies únicas do mundo. Como a freira-da-madeira (Pterodroma madeira), que só nidifica na zona mais alta da ilha, acima dos 1.600 metros, e a freira-do-bugio (Pterodroma deserta), ave que recentemente foi reconhecida como espécie separada da freira que nidifica em Cabo Verde e nas Desertas.

Na lista de espécies endémicas está também o paínho-de-monteiro (Hydrobates monteiroi), ave que faz ninho nos ilhéus dos Açores.

Ainda assim, nem todas as colónias de aves marinhas são visitáveis. Joana Andrade sugere estas três que pode conhecer no terreno, sempre com cuidado para não perturbar as aves:

 

Berlengas:

Espécies para ver: cagarra, roque-de-castro (Hydrobates castro), galheta (Phalacrocorax aristotelis), gaivota-de-patas-amarelas (Larus michahellis).

 

Ilhéu da Praia, Graciosa, Açores:

Espécies para ver: garajau-comum (Sterna hirundo), garajau-rosado (Sterna dougallii), paínho-de-monteiro (Hydrobates monteiroi), roque-de-castro, pintainho (Puffinus lherminieri).

 

Ilhas Desertas, Madeira:

Espécies para ver: freira-do-bugio, alma-negra (Bulweria bulwerii), roque-de-castro, pintainho, cagarra, garapau-comum.

[divider type=”thick”]Saiba mais.

Conheça o resultado do último censo à população de garajaus nos Açores.

Descubra tudo sobre as 65 espécies de aves marinhas e limícolas de Portugal no Atlas das Aves Marinhas, publicado em 2015.

Helena Geraldes

Sou jornalista de Natureza na revista Wilder. Escrevo sobre Ambiente e Biodiversidade desde 1998 e trabalhei nas redacções da revista Fórum Ambiente e do jornal PÚBLICO. Neste último estive 13 anos à frente do site de Ambiente deste diário, o Ecosfera. Em 2015 lancei a Wilder, com as minhas colegas jornalistas Inês Sequeira e Joana Bourgard, para dar voz a quem se dedica a proteger ou a estudar a natureza mas também às espécies raras, ameaçadas ou àquelas de que (quase) ninguém fala. Na verdade, isso é algo que quero fazer desde que ainda em criança vi um documentário de vida selvagem que passava aos domingos na televisão e que me fez decidir o rumo que queria seguir. Já lá vão uns anos, portanto. Desde então tenho-me dedicado a escrever sobre linces, morcegos, abutres, peixes mas também sobre conservacionistas e cidadãos apaixonados pela natureza, que querem fazer parte de uma comunidade. Trabalho todos os dias para que a Wilder seja esse lugar no mundo.

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