O abutre-preto, espécie ameaçada de extinção, está a conseguir fixar-se em duas novas zonas do Norte da Península Ibérica de onde tinha desaparecido, graças a um projecto de conservação.
O abutre-preto (Aegypius monachus) é a maior ave de rapina da Europa. Em Portugal é uma espécie Criticamente Em Perigo de extinção. Em Espanha também está classificada como espécie ameaçada.
São várias as pessoas que estão a trabalhar para que esta espécie não desapareça da Península Ibérica, nomeadamente a tentar criar novas populações. Entre elas está a equipa da associação naturalista espanhola GREFA – Grupo de Reabilitação da Fauna Autóctone e do seu Habitat.
Em comunicado divulgado hoje, esta associação revelou que a Reserva de Boumort (Lleida, Pirinéus) tem agora uma colónia de abutre-preto com cerca de 50 aves residentes e 16 casais. Nos 10 anos do Projecto Monachus, daquela associação, nasceram e sobreviveram mais de 20 crias, 11 das quais em 2016 e 2017.
“O êxito explica-se com o facto de, nos últimos anos, termos libertado nos Pirinéus mais de 70 abutres-pretos, procedentes de centros de recuperação e de reprodução em cativeiro”, disse Ernesto Álvarez, presidente da GREFA e responsável pela recuperação dos abutres europeus através de projectos de reintrodução.
O Projecto Monachus está a tentar recuperar a população europeia de abutre-preto. Um dos objectivos é conseguir ligar as grandes populações naturais desta espécie existentes no Centro e no Sul da Península Ibérica com outras mais pequenas que foram sendo criadas nos últimos tempos na Europa.
Nesta temporada de reprodução já há 10 casais a incubar na colónia pirenaica de Boumort.
Um esforço conservacionista semelhante, para tentar criar uma nova colónia de abutre-preto, está em curso em outro local, na Serra de la Demanda. Os trabalhos começaram em 2016 e, em Outubro de 2017, foram ali libertados 15 exemplares. Estes animais tinham passado vários meses num recinto de aclimatização em Huerta de Arriba (Burgos), para se adaptarem à zona de reintrodução.
Nesse mesmo local está nesta altura um outro grupo de abutres-pretos, à espera de serem libertados ainda durante este ano.
Dos 15 abutres libertados na Serra de la Demanda, pelo menos dois já formaram um casal, contou Álvarez. Além disso, “vimos na zona três casais desta espécie procedentes de outras colónias espanholas”. Na opinião deste perito, estes são “indicadores muito bons”.